Shell pede licença para eólicas offshore no Brasil

Petrolífera propõe construir seis projetos com uma capacidade de 17 gigawatts, o que equivaleria à produção de 15 reatores nucleares

Shell quer construir os projetos nos estados brasileiros do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul
Por Mariana Durao
19 de Março, 2022 | 10:04 AM

Bloomberg — A Shell busca licenças ambientais para desenvolver seus primeiros parques eólicos offshore ao longo da costa do Brasil, enquanto acelera sua transição energética.

A petrolífera com sede em Londres propõe construir seis projetos com uma capacidade combinada de 17 gigawatts, o que equivaleria à produção de 15 reatores nucleares. A empresa solicitou licenças no início desta semana ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), de acordo com Gabriela Oliveira, gerente de Desenvolvimento de Energias Renováveis da companhia no Brasil.

“Este é o primeiro passo de um processo de desenvolvimento muito longo”, disse Gabriela em entrevista. Ela não forneceu uma estimativa de quando a empresa espera ter os projetos em operação.

A Shell, que pretende atingir emissões líquidas zero até 2050, vem tentando expandir seus negócios eólicos à medida que se volta para a energia renovável após mais de um século de exploração de petróleo. A companhia tem mais de 8 gigawatts de projetos eólicos em operação e em desenvolvimento, inclusive nos EUA e na Holanda.

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No ano passado, a empresa contratou Thomas Brostrom, um veterano da gigante eólica offshore dinamarquesa Orsted, para liderar seu negócio de desenvolvimento renovável.

A Shell, que fez sua primeira entrada no negócio eólico há mais de 20 anos, quer construir os projetos nos estados brasileiros do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Eles terão uma distância média mínima de 20 quilômetros da costa, informou a empresa.

O Brasil possui atualmente cerca de 21 gigawatts de capacidade eólica, toda ela terrestre, respondendo por cerca de 10% de sua geração de energia. O país obtém a maior parte de sua eletricidade, cerca de 66%, de energia hidrelétrica, de acordo com o departamento de energia dos EUA.

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A energia eólica offshore, no entanto, está em crescimento. O Ibama já está considerando propostas para mais de 80 gigawatts de energia eólica offshore. O analista da BloombergNEF James Ellis destaca que esse total mais que dobrou desde agosto.

A Shell espera que os estudos ambientais para seus projetos propostos comecem ainda este ano. A empresa planeja concorrer a futuros leilões de energia no Brasil e espera também vender eletricidade dos parques eólicos para a nascente indústria de hidrogênio renovável do país.

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