Uber da mineração traça rota para entrar em florestas

InfraBrasil dobra de tamanho em 2021 e busca espaço onde concorrência ainda é menos acirrada

InfraBrasil busca diversificar negócios e levar prestação de serviço já usada por mineradoras para a área de florestas plantadas
15 de Março, 2022 | 03:00 PM

Bloomberg Línea — Novata do mercado de transportes para mineradoras, a InfraBrasil, que fechou 2021 com faturamento de R$ 100 milhões, já traça planos para expandir os negócios com oportunidades no segmento de colheita de florestas plantadas.

Olhamos para o mercado de commodities como um todo, que está menos exposto às oscilações domésticas. Minério e celulose são dois setores que têm uma demanda estável e crescente, diferente do que acontece nas grandes obras públicas que também demanda grandes quantidades de equipamentos, mas onde os índices de inadimplência são maiores”, afirma Christiano Kunzler, CEO e fundador da empresa.

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O executivo atua no segmento de máquinas pesadas desde o início dos anos 2000, alugando equipamentos para empreiteiras e construtoras. A partir de 2006 ampliou a atuação, se transformando em um revendedor e distribuidor das máquinas da chamada “linha amarela”, até vender sua participação na empresa em 2014, em um negócio que já faturava cerca de R$ 1 bilhão.

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“Em 2015 montei a InfraBrasil e voltei às origens. Com 15 máquinas, voltei a alugar equipamentos pesados para uma mineradora de ouro na Bahia, mas resolvi a ir um pouco além e prestar um serviço mais amplo, incluindo não apenas a máquina, mas o operador, manutenção e tudo mais. Deixei de ser a Localiza e me transformei na Uber”, conta Kunzler.

Setores além da mineração

No ano passado, o setor de mineração do Brasil registrou um faturamento de R$ 338,9 bilhões, com crescimento superior a 60% sobre o resultado de 2020. No caso do mercado de árvores plantadas, o faturamento do setor já supera a casa dos R$ 100 bilhões.

A companhia, que atua na fase de lavra da mineração, ou seja, no transporte do material extraído das minas até as indústrias onde é feito o beneficiamento e se especializou na prestação de serviço, oferecendo não apenas máquinas para aluguel, mas manutenção e mão-de-obra especializada. No mesmo segmento e com atuação mais abrangente, grandes grupos como U&M, Construtora Fagundes e Manserv disputam espaço no transporte e logística para mineradoras.

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“Quando você aluga máquinas, as mineradoras enxergam você na linha de custo, o que pode fazer com que você seja substituído a qualquer momento caso alguém ofereça um preço menor. Prestando serviço, a empresa enquadra você na linha de rentabilidade, porque você traz mais eficiência para o negócio dela. No caso das florestas, a lógica é muito semelhante à mineração”, afirma Kunzler.

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Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.