Apetite por trabalho remoto na AL impulsiona pagamentos em cripto

Canais de pagamento se diversificam à medida que o trabalho flexível se torna relevante

Plataforma Torre vai permitir pagamento de salário em criptomoedas
13 de Março, 2022 | 03:09 PM

Bloomberg Línea — A contratação internacional de funcionários remotos está crescendo a um ritmo mais rápido na América Latina, um dos territórios (juntamente com a África) em que o número de pessoas que sacam seus pagamentos em criptomoedas também aumenta mais rapidamente, segundo relatório da plataforma Deel.

Desde novembro de 2020, o percentual de pessoas contratadas internacionalmente que recebem pagamentos em criptomoeda aumentou mensalmente a uma taxa de 10%, de acordo com dados do provedor privado de folha de pagamento e conformidade dos Estados Unidos.

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Somente nessa plataforma foram efetuados US$ 4,7 milhões em pagamentos em dezembro de 2021, o que significou um aumento de 49% em relação ao mês anterior.

Assim, os maiores saques de pagamentos em criptomoedas foram feitos na América Latina (52%), seguida pela Europa, Oriente Médio e África (34%), América do Norte e Ásia-Pacífico, ambas com 7%.

Considerando a ascensão global desse mercado e com a abertura que os países começam a ter em regiões como a América Latina, a plataforma de trabalho remoto Torre, fundada pelo colombiano Alexander Torrenegra, vai vincular ofertas de trabalho com pagamento em criptomoedas, segundo informou à Bloomberg Línea.

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“Em breve vamos permitir que empresas ofereçam vagas com salário em criptomoedas”, disse Alexander Torrenegra, que no ano passado vendeu seu negócio pioneiro, o diretório de voz Voice123, em uma operação cujo valor não foi divulgado.

Torrenegra anunciou que esta solução está “em desenvolvimento” com a equipe de software e em breve entrará no ar, mas não ofereceu detalhes sobre a data.

Alexander Torrenegra

Os canais de pagamento estão se diversificando à medida que as ofertas de trabalho flexíveis se tornam mais relevantes com a pandemia e a formação de equipes internacionais se intensifica.

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Alexander Torrenegra comentou em entrevista à Bloomberg Línea que o fenômeno da “grande demissão” – como tem sido chamada a fuga massiva de talentos insatisfeitos com empregos inflexíveis ou por causa de seus salários – “já está acontecendo na América Latina”.

“Isso está ocorrendo em parte porque há muitas oportunidades de emprego internacionais que, para o bem ou para o mal, pagam muito melhor do que as oportunidades de emprego locais. Então não é uma demissão em massa por insatisfação no trabalho, como nos EUA, é uma demissão em massa porque há mais oportunidades de emprego onde as pessoas podem acabar recebendo muito mais renda”, mencionou.

Natalia Jiménez, líder de expansão da Deel na América do Sul

De acordo com o relatório da Deel, a taxa de crescimento das contratações internacionais da América Latina aumentou 286%, ao passo que na Europa, Oriente Médio e África, percentual foi de 250%; na Ásia-Pacífico, 227%, e na América do Norte, 208%.

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Enquanto isso, a taxa de crescimento de contratação de empresas estrangeiras na América Latina foi de 156%, na Ásia-Pacífico foi de 107%, na Europa, Oriente Médio e África foi de 96% e na América do Norte, 81%.

O relatório foi feito com base na análise de mais de 100 mil contratos de trabalho em mais de 150 países e com mais de 500 mil dados fornecidos por terceiros.

Na América Latina, os três principais países com maior crescimento de acordo com a taxa de contratação das organizações são México, Chile e Uruguai, ao passo que as funções com maior demanda são desenvolvedor, assistente de call center e executivo de contas.

O relatório também conta com uma seção que enumera os territórios com os maiores aumentos salariais no segundo semestre de 2021 em contratações internacionais, entre os quais se destacam México (57%), Canadá (38%), Paquistão (27%), Argentina (21% ), Índia (8%), Filipinas (7%) e Rússia (4%).

Natalia Jiménez, líder de expansão da Deel na América do Sul, analisa que “a atual explosão de unicórnios latino-americanos está ajudando a impulsionar um boom de contratação regional nunca visto. Muitas das maiores startups da América Latina desejam buscar e recrutar talentos na região, criando rapidamente novos empregos qualificados”.

“Por exemplo, o número de empresas de tecnologia e remotas contratando triplicou e vemos como essas empresas latino-americanas contratam muito mais na mesma região. Da mesma forma, outros fatores são fundamentais para esse crescimento: a qualidade dos talentos latino-americanos, a proficiência em inglês e o mesmo fuso horário dos Estados Unidos. Tudo isso, somado ao fato de o trabalho remoto ter se mostrado um modelo viável e de fácil implementação para empresas e pessoas físicas, tornou a região visível como uma importante fonte de talento”, destacou.

--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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Daniel Salazar

Profissional de comunicação e jornalista com ênfase em economia e finanças. Participou do programa de jornalismo econômico da agência Efe, da Universidad Externado, do Banco Santander e da Universia. Ex-editor de negócios da Revista Dinero e da Mesa América da Efe.