Quantos salários mínimos custa o novo iPhone SE no Brasil?

Brasileiro tem o segundo menor poder de compra da América Latina e precisa trabalhar três meses e meio para ter o último modelo da linha de entrada da Apple

Quanto é preciso trabalhar para comprar um novo?
12 de Março, 2022 | 02:33 PM

Bloomberg Línea — A Apple (AAPL) apresentou na terça-feira, 8 de março, a mais recente edição do iPhone SE, que chegará ao mercado norte-americano por um valor de US$ 429. Embora seja a linha de smartphones mais barata da empresa, para grande parte do mercado latino americano, o valor continua inacessível, a ponto de ultrapassar o salário mínimo mensal registrado em muitos países da região.

Ao realizar o exercício de cálculo de quantos salários mínimos seriam necessários para comprar o aparelho, foi considerado o valor anunciado pela empresa nos Estados Unidos, embora o preço ao consumidor possa, em última análise, variar em cada país da região. De fato, no México será vendido a 11.499 pesos (ou seja, US$ 551,06) e no Brasil a R$ 4.199 (cerca de US$ 838,27). Para fazer o cálculo, foram levados em conta os salários mínimos atuais de cada país da América Latina e o preço do dólar em 9 de março de 2022.

Onde se compra por até um salário mínimo

Porto Rico

A ilha caribenha de Porto Rico, cujo status é de Comunidade dos Estados Unidos, tem o salário mínimo mais alto da região. Um trabalhador que recebe o salário-base tem um rendimento mensal de US$ 8,5 dólares por hora, o que equivale a US$ 1.360 por mês, se considerado uma jornada de 8 horas diárias.

Em outras palavras, um salário mínimo em Porto Rico pode comprar três unidades do modelo mais recentes do iPhone SE.

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Costa Rica

Na Costa Rica, um salário mínimo é suficiente para poder comprar um iPhone SE pelos valores que foram anunciados para os Estados Unidos. No país, o trabalhador é menos qualificado, com um salário mensal, ganha cerca de 326.253,57 colones, o que equivale a US$ 497. Portanto, um trabalhador pode comprar o telefone por US$ 429 e ficar com o restante.

Uruguai

Também é possível comprar o aparelho por até um salário mínimo no menor país da América do Sul, embora seja suficiente para isso e um pouco mais.

O salário mínimo na terra de Artigas é de 19.364 pesos uruguaios, cerca de US$ 452. Quem comprar o aparelho pelo valor anunciado nos Estados Unidos ainda terá US$ 23 para o resto do mês.

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Chile

Outro dos territórios sul-americanos em que um trabalhador formal que ganha até um salário mínimo pode comprar um iPhone SE é o Chile. Lá o valor chega a 350.000 pesos, ou seja, US$ 435,75. Logo, com um salário é suficiente para comprar uma unidade.

De qualquer forma, esse valor mínimo é apenas para trabalhadores maiores de 18 anos e menores que 65 anos. Para aqueles que estão fora dessa faixa etária, o valor básico é de US$ 325,06.

Equador

O salário mínimo no Equador é de US$ 425. Ou seja, não é suficiente, mas, falta muito pouco. Tendo economizado quatro dólares do mês anterior, é possível levar um para casa.

Outros países da América do Sul

Argentina

No país do tango, o salário mínimo é de 33.000 pesos. Isso equivale a US$ 303,58 considerando o valor formal. Ou seja, são necessários 1,4 salários. Mas, na Argentina, o acesso ao dólar formal é extremamente restrito. Se for considerado o preço paralelo, o salário mínimo é de US$ 162, então, comprar um iPhone SE requer quase três meses de trabalho.

Bolívia

Na Bolívia, um trabalhador formal ganha pelo menos 2.164 bolivianos por mês, ou US$ 314,46. Para obter o iPhone, um funcionário dessa faixa precisa de 1,36 salários. No entanto, na Bolívia, o trabalho informal é muito difundido, de modo que o acesso a esse tipo de tecnologia é ainda mais distante para grande parte das pessoas que trabalham. De acordo com um relatório da Organização Internacional do Trabalho, 83% dos empregos na Bolívia não foram registrados em 2019.

Brasil

Também não é fácil para um trabalhador do maior país da América Latina que ganhe um salário mínimo comprar um iPhone SE. De fato, essa remuneração é de R$ 1.212 reais, ou US$ 241,27. Isso leva à necessidade de multiplicar por 1,78 o menor salário do setor formal do Brasil para poder adquirir o último modelo de telefone pelo valor cobrado nos Estados Unidos. No entanto, considerando que no Brasil o último iPhone SE já tem o valor estipulado em US$ 838,27, seriam necessários 3,47 salários.

Colômbia

O salário mínimo na Colômbia é de 1.000.000 pesos colombianos, equivalente a US$ 265,90. Portanto, é necessário 1,6 vezes esse salário para comprar o iPhone SE.

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Paraguai

A menor remuneração trabalhista do Paraguai é de 2.289.324, o que representa cerca de US$ 329,27. Para comprar o iPhone mais recente, são necessários US$ 100 adicionais.

Peru

Um trabalhador formal com salário mínimo ganha 930 soles no Peru, ou US$ 248,67. Ele precisaria que seu salário aumentasse 1,73 vezes se quisesse comprar um iPhone SE.

Restante da América Latina

El Salvador

Em El Salvador, o salário mínimo no setor formal corresponde aos trabalhadores agrícolas, que ganham US$ 243 por mês. Ou seja, são necessários quase dois meses de trabalho para chegar ao valor do iPhone SE. Na outra ponta da tabela estão os que atuam no setor de comércio e serviços, recebendo US$ 365 por mês. O valor, no entanto, também não é suficiente para comprar o aparelho.

Guatemala

A Guatemala tem salários mínimos diferenciados de acordo com o setor de trabalho. Os trabalhadores agrícolas recebem o menor do setor formal: 2.872,55 quetzales, ou US$ 372,83. Nesse caso, a possibilidade de comprar um iPhone SE está mais distante, algo como US$ 56,20.

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No entanto, de acordo com o Banco Mundial, tanto na Guatemala quanto em Honduras, quatro em cada cinco trabalhadores trabalham no setor informal.

Honduras

Apesar de ter um dos maiores salários mínimos registrados na região, em Honduras o salário básico não é suficiente para comprar o iPhone mais recente. Os trabalhadores formais s recebem um mínimo de 10.022 lempiras por mês, o que equivale a cerca de US$ 407.

Seria necessário adicionar US$ 22 ao salário mínimo para conseguir comprar um aparelho.

México

Apesar de ter uma das economias mais fortes da região, o salário mínimo no México está na parte inferior da América Latina. O Governo Geral aprovou um aumento, que agora será de 172,87 pesos por dia, ou US$ 8,5. Ou seja, nesses níveis, são necessários 50 dias úteis para adquirir o produto desejado (considerando o valor dos Estados Unidos), quando um mês normal tem em média 20 dias úteis.

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No México, são necessários 2,48 salários mínimos para atingir o valor pelo qual o iPhone SE é vendido nos Estados Unidos e cerca de 3,19 salários levando em conta o valor pelo qual será vendido no território mexicano.

Nicaraguá

Na Nicarágua, um trabalhador com o menor salário formal não pode comprar um iPhone SE mesmo que trabalhe dois meses seguidos sem gastar um centavo em outra coisa. O salário mínimo é de 4.723,95 córdobas, o que equivale a US$ 132,29. Ou seja, são necessários 3,25 salários para chegar ao telefone.

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Panamá

O salário médio no Panamá é um dos mais altos da região (US$ 730 sem impostos). No entanto, os salários mínimos estão longe desse valor. Para referência, o emprego doméstico está em US$ 315 e o de trabalhadores registrados em pequenas empresas está em US$ 326,50. Portanto, você precisa multiplicar os salários por 1,3 ou 1,4 para chegar lá.

República Dominicana

Na República Dominicana é preciso economizar dois salários mínimos para comprar o iPhone SE. Um trabalhador registrado em uma microempresa com o menor salário ganha 11.900 pesos dominicanos. Ou seja, US$ 216,95. Praticamente, um trabalhador dominicano precisaria de dois salários inteiros para comprar ao aparelho.

Cuba e Venezuela

Em Cuba e na Venezuela a conta é praticamente impossível. No país vizinho aos Estados Unidos, o salário mínimo equivale a US$ 87,48, quase um quinto do valor do último iPhone SE. Na Venezuela, de acordo com as últimas mudanças, o menor salário chega a US$ 29. Seriam necessários quase 15 meses para atingir o objetivo.

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Juan Pablo Álvarez

Biopic: Licenciado en Periodismo en la Universidad Nacional de Lomas de Zamora, con posgrado en Periodismo de Investigación en la Universidad Del Salvador. Especializado en finanzas. Trabajó en Diario Perfil, Ámbito Financiero y El Cronista