Países iniciarão negociações em acordo sobre plásticos

Em um esforço que pode ser o mais importante após o Acordo de Paris, 175 países discutirão a produção e o descarte de microplásticos

Em 2018, foram gastos entre US$ 6 bilhões e US$ 19 bilhões para limpar os corpos d'água contaminados com plásticos
Por David Herbling - Eric Ombok
02 de Março, 2022 | 09:10 PM

Bloomberg — Representantes de 175 países concordaram em iniciar negociações sobre um tratado global para acabar com a poluição por plásticos no que pode se tornar o acordo ambiental mais importante desde o Acordo de Paris.

A quinta sessão da Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente estabelecerá um comitê intergovernamental para negociar um acordo legalmente vinculante para abordar a proliferação de plásticos e microplásticos. O objetivo é concluir as negociações antes do final de 2024 – uma mudança relativamente rápida, já que essas discussões podem levar de cinco a dez anos para serem concluídas.

“É claro que a questão é urgente”, disse Susan Gardner, chefe da divisão de ecossistemas do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, ou PNUMA. “É essencial que não desaceleremos”.

A convenção, que contou com a presença física e virtual de quase 5 mil pessoas em Nairóbi, focou na necessidade de normas para gerenciar todo o ciclo de vida dos produtos plásticos, incluindo a reciclagem e o descarte. No entanto, alguns grupos do setor tentam desviar a discussão de medidas que limitariam a produção de plásticos, que são feitos de petróleo e gás, informou a Reuters no mês passado, citando autoridades envolvidas em negociações e apresentações da empresa.

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Cerca de 11 milhões de toneladas de resíduos plásticos acabam em corpos d’água a cada ano, e o PNUMA projeta que o volume quase triplicará até 2040. O mundo gastou entre US$ 6 bilhões e US$ 19 bilhões em 2018 tentando limpar essa bagunça, segundo a agência ambiental.

Alguns países, incluindo o Quênia, onde o PNUMA está sediado, tomaram medidas para proibir os plásticos descartáveis O novo acordo se baseará nessas iniciativas voluntárias e exigirá que os governos se comprometam com medidas que limitem o desperdício de plástico.

“A poluição por plásticos se tornou uma epidemia”, disse o ministro norueguês do Meio Ambiente e presidente da Assembleia do Meio Ambiente das Nações Unidas, Espen Barth Eide. “Com a deliberação de hoje, estamos oficialmente a caminho da cura”.

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À medida que a reunião se desenrolava, os principais cientistas do mundo alertaram em um relatório divulgado pela ONU que a oportunidade de nos prepararmos para as mudanças climáticas está acabando pois a velocidade do aquecimento global supera os esforços para proteger bilhões de pessoas vulneráveis. Os resíduos de plástico não só envenenam a água e o solo como também emitem gases perigosos e contribuem para o aumento da temperatura quando não são descartados adequadamente.

--Este texto foi traduzido por Bianca Carlos, localization specialist da Bloomberg Línea.

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