Yara alerta para risco de cortar Rússia da cadeia de alimentos

Empresa norueguesa de fertilizantes condena ação de Putin , mas deixar de comprar insumos russos poderia ter consequências sociais

Svein Tore Holsether, CEO da Yara International, maior empresa de fertilizantes do mundo, alerta para risco de parar de comprar insumos da Rússia
02 de Março, 2022 | 02:06 PM

Bloomberg Línea — O CEO da Yara Internacional, maior empresa de fertilizantes do mundo, alertou que deixar de comprar insumos da Rússia pode não ser tão simples quanto se imagina. Em um comunicado, Svein Tore Holsether, condenou a invasão militar da Rússia à Ucrânia e disse que é necessário reduzir a dependência existente em relação aos insumos russos, necessários para a produção de fertilizantes.

Contudo, ele lembrou que no cenário atual cria-se um dilema de difícil solução. “Isso constitui um dilema difícil entre continuar abastecendo-se da Rússia a curto prazo ou cortar a Rússia das cadeias alimentares internacionais. A última opção pode ter consequências sociais consideráveis”, justificou o executivo na nota.

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Basicamente, a agricultura mundial depende de fertilizantes para manter os atuais níveis de produtividade das lavouras. Esses fertilizantes são produzidos a partir de três elementos fundamentais: Nitrogênio, Fósforo e Potássio.

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O nitrogênio é fornecido a partir da amônia, produzida a partir do nitrogênio do ar e do gás natural. Atualmente, 40% do abastecimento de gás europeu é proveniente da Rússia. O mercado de potássio é ainda mais concentrado. Cerca de 70% do sal extraído de jazidas de argila, saem de minas instaladas no Canadá, Rússia e Belarus. Juntos, os três países respondem por 80% de todo a exportação global de potássio, sendo o Canadá responsável por 40%, Belarus por 20% e a Rússia por outros 20%.

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“O livre fluxo de mercadorias através das fronteiras foi possível em uma época de maior estabilidade geopolítica. Agora, com as condições geopolíticas desequilibradas, as maiores fontes de matéria-prima para a produção de alimentos da Europa estão sujeitas a limitações e não há alternativas de curto prazo”, diz Holsether.

Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.