‘Céu é o limite’ para inflação de alimentos devido à Ucrânia

País é conhecida como celeiro da Europa; ferrovias e portos paralisados podem significar caos nas exportações de commodities

Ucrânia e Rússia juntas respondem por mais de um quarto do comércio global de trigo e por um quinto das vendas de milho
Por Elizabeth Elkin e Allison Nicole Smith
25 de Fevereiro, 2022 | 10:55 AM

Bloomberg — A inflação de alimentos já causa sofrimento ao redor do mundo, mas os aumentos de preços podem ser ainda maiores porque o ataque da Rússia à Ucrânia ameaça exportações de produtos agrícolas essenciais.

Ucrânia e Rússia juntas respondem por mais de um quarto do comércio global de trigo e por um quinto das vendas de milho.

A Ucrânia é conhecida como celeiro da Europa. Ferrovias e portos paralisados podem significar caos nas exportações de commodities do país.

Não são apenas as ameaças aos embarques de grãos que podem impulsionar a inflação. A Rússia também é grande exportadora de quase todo tipo de fertilizante a baixo custo. É difícil exagerar a importância dos fertilizantes na cadeia alimentar: praticamente todo prato de comida chega à mesa com a ajuda de fertilizantes. Em caso de interrupções nos fluxos de comércio global, os custos para os agricultores em todo o mundo aumentam, o que pressiona a inflação de alimentos.

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Os preços já estão subindo. Cotações de trigo, milho e soja dispararam esta semana. Uma guerra capaz de paralisar as exportações de grãos da Ucrânia provavelmente elevaria os preços do trigo em mais 30% e os do milho em 20%, segundo analistas do Rabobank.

Em Chicago, o trigo chegou ao maior preço em mais de 13 anos nesta sexta-feira. No pregão anterior, os contratos futuros tiveram a maior alta permitida pela bolsa. O milho avançou quase 20% desde o começo do ano.

“Isso vai aumentar a inflação”, afirmou Andrew Harig, vice-presidente do Food Marketing Institute, durante um fórum anual do Departamento de Agricultura dos EUA na quinta-feira. “Nós não compreendemos totalmente como esse processo vai se desenrolar”

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Os preços globais dos alimentos já vinham batendo recordes nos últimos meses. Condições climáticas extremas dificultam o desenvolvimento das plantações, enquanto a falta de mão de obra e a elevação dos custos de transporte atrapalham as cadeias de suprimentos. A crise na Ucrânia vai causar pressão altista adicional, segundo Jack Scoville, vice-presidente da Price Futures Group em Chicago.

“O céu é o limite”, disse Scoville.

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