Ásia: Mercados de ações desabam e petróleo dispara com tensão na Ucrânia

O rendimento dos títulos do Tesouro de 10 anos recuava sete pontos base para 1,86%, apagando ganhos recentes com dúvidas sobre aperto do Fed

Ações desabam e petróleo dispara com tensão na Ucrânia
Por Andreea Papuc
21 de Fevereiro, 2022 | 10:03 PM

Bloomberg — Os mercados asiáticos de ações caíram nesta terça-feira devido à intensificação da tensão entre o Ocidente e a Rússia sobre a Ucrânia, num impasse que está impulsionando os preços do petróleo e levando os investidores a buscar segurança em títulos de governos e no ouro.

As ações caíram na manhã desta terça no Japão, Austrália e Coreia do Sul, enquanto os futuros de índices de ações dos EUA apontaram para uma abertura em forte baixa quando as negociações de Wall Street forem retomadas após um feriado local na segunda-feira.

Os títulos do Tesouro dos EUA subiram junto com os papéis da Austrália e da Nova Zelândia em meio à demanda por ativos defensivos. O ouro passou de US$ 1.910 a onça, o iene se fortaleceu e o dólar ficou estável em relação às demais moedas globais.

O presidente Vladimir Putin reconheceu as autoproclamadas repúblicas separatistas que a Rússia apoia no leste da Ucrânia e ordenou que o Ministério da Defesa enviar o que chamou de “forças de manutenção da paz” para as regiões separatistas.

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Os EUA e a Europa condenaram os últimos movimentos da Rússia. O governo Biden alertou que as tropas russas perto da Ucrânia sinalizam uma possível invasão, algo que o Kremlin negou repetidamente.

O petróleo subiu quando os investidores avaliaram o risco de interrupções no fornecimento de energia e outras commodities se a situação se deteriorar e levar a sanções ocidentais.

A crise de segurança que se desenrola na Europa Oriental sobrecarrega os mercados globais com a única coisa que eles mais detestam: uma grande quantidade de incerteza. Os riscos geopolíticos já levaram os investidores a reduzir as apostas sobre quão agressivamente o Federal Reserve pode apertar a política monetária este ano para combater a inflação.

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“É muito difícil avaliar os prêmios de risco no ambiente atual”, disse Damien McColough, chefe de pesquisa de renda fixa do Westpac Banking Corp. “O reconhecimento de Putin aos separatistas trouxe uma nova dimensão que nos deixa ainda mais preocupados que uma invasão acontecerá.”

O rublo caiu ainda mais na segunda-feira e as ações russas tiveram a maior baixa desde março de 2014, quando a anexação da Crimeia azedou os laços com o Ocidente.

Em outros mercados, os investidores continuam monitorando os comentários de autoridades do Fed em busca de pistas sobre o provável caminho do aperto monetário. A governadora do Fed, Michelle Bowman, sugeriu que um aumento de meio ponto percentual nas taxas de juros pode estar na mesa no próximo mês se as leituras recebidas sobre a inflação forem muito altas.

Na China, as preocupações com mais restrições do setor de tecnologia - que afundaram os mercados na segunda-feira - provavelmente permanecerão.

A Tencent Holdings Ltd. (HKG) negou especulações on-line de que está enfrentando um grande apelo regulatório. As autoridades chinesas disseram às maiores empresas e bancos estatais do país para iniciar uma nova rodada de verificações sobre sua exposição financeira e outros vínculos com o Ant Group Co. (ANTS).

Aqui estão alguns eventos importantes desta semana:

  • Decisão de taxa da Nova Zelândia, quarta-feira;
  • governador do BOE, Andrew Bailey, fala perante o Comitê do Tesouro, na quarta-feira;
  • Decisão política monetária do Banco da Coreia, quinta-feira;
  • Relatório de estoques de petróleo bruto da EIA, quinta-feira;
  • Autoridades do Fed Loretta Mester e Raphael Bostic falam, quinta-feira;
  • EUA: Vendas de casas novas, PIB, pedidos iniciais de seguro-desemprego, quinta-feira
  • EUA: Renda do consumidor, bens duráveis, deflator PCE, sentimento do consumidor da Universidade de Michigan, sexta-feira;

Alguns dos principais movimentos nos mercados:

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Ações

  • Os futuros de S&P 500 (ESH2) tinham baixa de 1,5% em relação ao fechamento de sexta às 10h em Tóquio (22h em Brasília);
  • Os futuros do Nasdaq 100 (NQH2) tinham baixa de 2,3%;
  • O índice Topix (TOPIX), de Tóquio, caía 1,3%;
  • O S&P/ASX 200 da Austrália (AS51) caía 0,9%;
  • O índice Kospi (KOSPI), de Seul, recuava 0,9%;
  • Os futuros do índice Hang Seng (HSI), de Hong Kong, recuavam 0,9%;

Moedas

  • O iene japonês (JPY) era negociado a 114,47 por dólar;
  • O yuan offshore (CNH) estava em 6,3303 por dólar;
  • O Bloomberg Dollar Spot Index (DXY) operava estável;
  • O euro (EUR) estava em US$ 1,1315;

Renda fixa

  • O rendimento dos títulos do Tesouro de 10 anos recuava sete pontos base para 1,86%
  • O rendimento de 10 anos da Austrália caía cinco pontos base para 2,17%;

Commodities

  • O petróleo bruto West Texas Intermediate (WTI) subia 3,1% para US$ 93,93 o barril;
  • O ouro era negociado em US$ 1.912,30 a onça.

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