Mercados acenam com dia positivo, apesar de salto inflacionário na zona do euro

Resultados corporativos melhores do que o esperado e discursos amigáveis de membros do Fed contribuem para a retomada da confiança

As variáveis que orientarão os mercados
02 de Fevereiro, 2022 | 08:46 AM

Barcelona, Espanha — Depois de um janeiro turbulento, o ambiente nos mercados parece se normalizar. As ações globais caminhavam para o maior rally de quatro dias desde novembro de 2020. Tanto as bolsas europeias como os futuros de índices norte-americanos se valorizavam, animados pela divulgação de lucros melhores do que o previsto por empresas de ambos lados do Atlântico.

Alphabet Inc. e Advanced Micro Devices Inc. subiam 11% cada uma nas negociações que antecedem a abertura das bolsas de Nova York, depois de apresentarem fortes resultados. O índice europeu Stoxx 600 era negociado acima de sua média móvel de 50 dias pela primeira vez desde 21 de janeiro. Antes da reunião da OPEP+ sobre o aumento da oferta, os preços do petróleo giravam em torno de seu maior valor em sete anos. O dólar se enfraquecia pelo terceiro dia seguido, transferindo força para o euro e a libra esterlina.

Ao mesmo tempo, o rendimento dos títulos do Tesouro dos EUA de 10 anos subia ligeiramente. E o anúncio de aceleração dos preços na zona do euro elevava o rendimento do bônus de 10 anos da Alemanha para 0,046%, o mais alto desde maio de 2019.

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No panorama dos mercados

Enquanto aproveitam as oportunidades de compra abertas com as recentes quedas, os investidores restauram pouco a pouco a confiança nos mercados mais propensos ao risco.

📈 Balanços corporativos favoráveis, dados que enunciam resiliência econômica e discursos apaziguadores de alguns membros do Federal Reserve (Fed) ajudam a renovar a disposição em investir na renda variável. O S&P 500, por exemplo, subiu 5% desde sexta-feira e já recuperou metade de sua perda de janeiro.

📢 Alguns membros do Fed vieram a público para sugerir que o banco central do EUA fará uma abordagem calibrada na política de aumento dos juros para debelar a inflação. Isso aliviou algumas preocupações de que a economia poderia ser afetada por uma política monetária mais restritiva.

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👁 De resto, além dos balanços e de uma agenda carregada de indicadores econômicos – inflação na Europa e dados sobre emprego nos EUA –, os investidores continuam monitorando a tensão entre os EUA e a Rússia sobre a Ucrânia. Autoridades ocidentais dizem que a Rússia reuniu mais de 100 mil soldados perto da fronteira com a Ucrânia. As negociações diplomáticas mostraram poucos sinais de avanço.

🟢 Destaque para a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da zona do euro, que dará elementos ao Banco Central Europeu (BCE) para sua decisão de política monetária, a ser divulgada amanhã. A inflação na região subiu inesperadamente, alcançando um novo recorde de toda a série histórica. Os preços aos consumidores em janeiro saltaram 5,1% na leitura anual. Os analistas esperavam uma taxa muito inferior, de 4,4%.

Depois deste resultado, o BCE continuará minimizando o repique inflacionário? Amanhã o mercado terá sua resposta.

Um retrato dos mercados esta manhãdfd

🟢 As bolsas ontem: Dow (+0,78%), S&P 500 (+0,69%), Nasdaq (+0,75%), Stoxx 600(+01,28%), Ibovespa (+0,97%)

Os mercados de ações dos EUA tiveram o seu maior rali de três dias desde 2020, com os investidores apostando em empresas que melhor se beneficiam de uma economia forte em meio a especulações de que o Fed não colocará em risco o crescimento enquanto combate a inflação. Com os ganhos, o S&P 500 já ultrapassou o ponto médio do declínio do final do mês passado, indicando para alguns grafistas que uma recuperação completa pode estar em andamento.

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

• 🐅 Bolsas fechadas na China e em Hong Kong pelas festividades do Ano Novo Lunar.

EUA: Pedidos semanais de Hipotecas MBA; Índice de Compras MBA; Pedidos de Refinanciamento Hipotecário; Variação de Empregos Privados ADP (Jan), Estoques de Petróleo Bruto; Atividade semanal das refinarias de Petróleo pela EIA

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Europa: Zona do euro (IPC/Jan e IPP/dez); Espanha (Variação do Desemprego); Itália (IPC/Jan)

Bancos centrais: Discursos de Joachim Wuermeling e Sabine Mauderer, membros do BC alemão, e de Richard Macklem, do Banco do Canadá

Balanços do dia:

• Meta, AbbVie, Thermo Fisher Scientific, Qualcomm, T-Mobile US, Spotify

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• 📌 Brasil: Decisão do Copom, IPC-Fipe (Jan), Produção Industrial (Dez)

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-- Com informações de Bloomberg News

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.