Mobius vê cenário nebuloso no Brasil e aposta em vitória de Lula

Investidor veterano previu a recuperação do Ibovespa na segunda metade de 2020

Investidor veterano previu a recuperação do Ibovespa na segunda metade de 2020
Por Vinícius Andrade
24 de Janeiro, 2022 | 02:52 PM

Bloomberg — O investidor veterano em países emergentes Mark Mobius alerta para um quadro complexo no Brasil em meio a um ambiente político doméstico incerto e à alta das taxas de juros.

“O cenário para o Brasil é um pouco nublado, com nuvens carregadas aparecendo”, disse Mobius, que deixou a Franklin Templeton Investments em 2018 para montar a Mobius Capital Partners. Conhecido por seu otimismo usual com mercados de economias em desenvolvimento, Mobius previu a recuperação do índice Ibovespa na segunda metade de 2020, após os ativos brasileiros terem sido esmagados no início da pandemia de coronavírus.

Desta vez, as ações brasileiras tentam se recuperar após a primeira queda anual desde 2015 no ano passado, quando o Ibovespa teve a segunda pior performance entre índices acionários ao redor do mundo. Embora os múltiplos descontados já incorporem boa parte das más notícias, pode haver espaço para pressão adicional dado que as autoridades -- dentro e fora do Brasil -- se movem para reverter sua política monetária, de acordo com Mobius.

“Até certo ponto, muitas dessas variáveis foram colocadas no preço, e temos visto alguma recuperação do mercado”, diz Mobius. Mas se esses ventos contrários persistirem, “será um ambiente de mercado difícil”, disse em entrevista à Bloomberg News.

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Inflação elevada contínua, juros em alta e o impacto de novas variantes do Covid-19 são os principais riscos para os mercados brasileiros neste momento, diz Mobius. A exposição a Brasil do investidor tem se mantido relativamente estável nas últimas semanas, com Fleury, Lojas Americanas e Totvs entre suas principais apostas no mercado local.

Corrida presidencial

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem liderado as pesquisas de opinião até agora, deve vencer a eleição presidencial marcada para outubro, de acordo com Mobius. O candidato do Partido dos Trabalhadores enfrentará adversários incluindo o presidente Jair Bolsonaro e o ex-juiz Sergio Moro.

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“Seria perigoso presumir que uma eleição do Lula seria ruim para o mercado”, diz Mobius, observando que o mercado apresentou boa performance após o petista ter sido eleito pela primeira vez em 2002, depois de um período de “hesitação e medo” por parte dos investidores.

Lula poderia ser bom para o mercado, diz Mobius, mas comentários de pessoas próximas a ele em relação a um programa de gastos públicos elevados “podem significar problemas em termos de dívida mais alta e impostos maiores” pela frente. Em uma entrevista recente, Nelson Barbosa, um dos assessores econômicos de Lula, disse que o próximo governo terá que elevar os gastos públicos para combater o aumento da pobreza e o desemprego.

“Se assumirmos uma eleição de Lula, precisamos esperar maior burocracia e gastos do governo”, disse Mobius. Isso “inicialmente poderia dar um impulso à economia, mas, a longo prazo, não seria bom.”

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