Mercados operam voláteis ante expectativas sobre inflação, juros e balanços

Bolsas na Europa e futuros de índices nos EUA iniciaram o dia em queda, mas reverteram o declínio com a ajuda de resultados corporativos

As variáveis que orientarão os mercados
19 de Janeiro, 2022 | 08:59 AM

Barcelona, Espanha — Depois de começar o dia no vermelho, as bolsas europeias e os futuros de índices nos Estados Unidos cederam lugar às compras. A alta está fundamentada em alguns resultados corporativos positivos, como os das empresas do setor de luxo Richemont e Burberry Group Plc.

Porém, o sinal no mercado ainda é de alerta. O rali dos preços do petróleo - que subiu para o seu maior nível desde 2014, incitado pela explosão de um oleoduto que ligava o Iraque à Turquia - renova a preocupação com a pressão inflacionária. A percepção de que o Federal Reserve (Fed) carregará a mão no aumento de suas taxas de juros se somou à decepção, ontem, com os primeiros balanços financeiros desta temporada, o que diminuiu a disposição dos investidores a riscos.

Os prêmios dos títulos soberanos darão o tom. Os rendimentos de referência dos títulos do Tesouro norte-americano estão prestes a superar os 2%, turbinados pelas apostas de que o Fed opte por um aumento “superdimensionado” de taxas já em março. Os dirigentes do banco central dos EUA se reúnem na semana que vem, nos dias 25 e 26 de janeiro, para discutir o rumo da política monetária do país, o que adiciona muita volatilidade aos negócios.

O prêmio do bônus de 10 anos já subiu 37 pontos base este mês, para 1,88%, o que significa o aumento mensal mais acelerado desde novembro de 2016, segundo a Bloomberg. Um balde de água fria para as ações de tecnologia, que amargaram perdas nos últimos pregões - uma boa oportunidade para os caçadores de barganhas.

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É grande a expectativa com relação aos balanços corporativos. Os operadores apostavam suas fichas que a temporada de resultados traria alento ao mercado, mas é provável que a atividade frenética vista no ano passado possa estar chegando ao fim. Bancos como o Bank of America falam em um início mais fraco da safra de balanços desde a pandemia.

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Um panorama dos mercadosdfd

🟢 As bolsas ontem: Dow (-1,51%), S&P 500 (-1,84%), Nasdaq (-2,60%), Stoxx 600 (-0,97%), Ibovespa (+0,28%)

O clima foi de total aversão ao risco, com a proximidade da reunião do Fed, o salto dos prêmios dos títulos soberanos e os primeiros balanços corporativos no radar. As ações de tecnologia lideraram o recuo tanto na Europa como nos EUA, em resposta à expectativa de um aumento maior do que o esperado do custo do dinheiro. Os preços das commodities, que continuaram a subir, intensificam o temor de que um avanço mais acentuado da inflação.

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No radar

  • Europa: Transações correntes, produção do setor de construção (novembro)
  • EUA: pedidos de hipotecas, licenças de construção e construção de novas casas (dezembro)
  • Balanços: UnitedHealth Group, Bank of America, Procter & Gamble, ASML, Morgan Stanley, Charles Schwab, US Bancorp, United Airlines

Quinta, 20

  • EUA: pedidos iniciais de seguro-desemprego - Decisões de política monetária de países como Indonésia, Malásia, Noruega, Turquia e Ucrânia
  • Relatório sobre os estoques de petróleo bruto do EIA
  • Europa: Índice de Preços ao Consumidor (anual), atas de política monetária do BCE- Balanços: Netflix, Union Pacific, American Airlines Group

Sexta, 21

  • Reino Unido: Vendas no varejo (dezembro)
  • BCE: discurso da presidenta Christine Lagarde
  • Europa: Índice de Confiança do Consumidor (janeiro)
  • EUA: Índice de Indicadores Antecedentes (dezembro)

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-- Com informações de Bloomberg News

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.