Por que os aluguéis de Miami subiram entre 30% e 65%?

Mesmo com o aumento dos preços, os imóveis em Downtown, Brickell e Edgewater estão em falta

Além disso, os imóveis disponíveis são escassos
Por Marcella McCarthy (Brasil)
30 de Dezembro, 2021 | 10:00 PM

Bloomberg Línea — Se estiver pensando em se mudar para Miami para ver o porquê de tanto alarde sobre a cidade, é melhor ter certeza de que pode pagar por isso, porque esta não é mais a Miami que costumava ser. Áreas como Downtown, Brickell e Edgewater tiveram aumentos no aluguel entre 30-65%.

Não é segredo que Miami está se tornando a “Capital do Capital”, um hub de tecnologia, um centro de criptoativos e até mesmo um centro financeiro digno de atrair capitalistas de risco e fundos de hedge de Nova York e Califórnia. Mas tudo isso tem um custo, e os moradores locais estão sentindo isso na disparada dos aluguéis no ano passado; mesmo a um preço alto, os imóveis são escassos.

Segundo a Zumper, uma plataforma de aluguel dos Estados Unidos, o aluguel médio de um apartamento de um quarto em Brickell passou de US$ 2,1 mil em dezembro de 2020 para US$ 3.283 em dezembro de 2021 – representando um aumento de 56%. Um apartamento de dois quartos? Saltou de US$ 2.870 para US$ 4.750 – um aumento de 65%.

Prédios residenciais em Downtowndfd

“Parece que tivemos de 3 a 4 anos de crescimento em 18 meses”, disse Ryan Rea, morador do centro da cidade. Rea, um growth hacker durante o dia e chefe de crescimento da Miami Techlife no resto do tempo, foi forçado a se mudar recentemente porque o proprietário de seu imóvel estava aumentando o aluguel em US$ 1 mil.

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“Minha opinião sobre isso é que sim, é um problema, mas acho que muitos proprietários privados estão se aproveitando; é definitivamente uma fraude de preços”, disse Rea.

Javier Ramirez, um fundador do setor de tecnologia que mora em Brickell, teve uma experiência semelhante. Ele se mudou de São Francisco para cá há dois anos e achou os aluguéis razoáveis, encontrando um apartamento de 2 quartos por US$ 2,6 mil, mas este ano o proprietário aumentou o aluguel para US$ 4 mil. “Eu então procurei no edifício Icon em Brickell e vi um apartamento de um quarto por US$ 4 mil. Esses são os preços de Nova York. Sou empreendedor e posso morar em qualquer lugar, então se vou pagar aluguéis do nível de Nova York... Quero dizer, não vou a lugar nenhum – mas é para se pensar”, disse.

Ramirez acabou se mudando para Midtown, onde encontrou um apartamento de um quarto por US$ 2,8 mil – US$ 200 a mais do que pagou anteriormente por seu apartamento de dois quartos em Brickell.

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Com todo o fluxo de pessoas da Califórnia e do nordeste do país nos últimos dois anos, os salários também aumentaram. Como muitos ainda conseguem trabalhar remotamente, o salário ainda vem de Nova York, mas gastá-lo em Miami está aumentando os preços.

“O aumento ocorreu de março até agora. Isso não é normal. A única maneira de não aumentar o aluguel é se tiver um senhorio muito bom, porque todos estão aumentando os aluguéis em 30-40%, principalmente em Brickell”, disse Virginia Latanzi, uma antiga corretora de imóveis da área.

Há alguns meses, as pessoas chegaram ao sul da Flórida para passar o inverno, e muitos acabaram ficando. Eles contaram para seus amigos sobre como a vida era ótima e recrutaram muito.

“A demanda está muito alta. Pessoas do norte se mudaram para cá, e todos estão trabalhando de casa. Não há controle sobre o aluguel. Quando um imóvel chega ao mercado, não demora nem uma semana para alugar”, afirmou Latanzi. “As pessoas de Nova York estão dispostas a pagar US$ 8 mil por um apartamento de dois quartos, dá para acreditar?”, acrescentou.

Uma cidade que muitas vezes foi ridicularizada por ter muitos edifícios de apartamentos de luxo de repente não consegue construí-los rápido o suficiente.

--Esta matéria foi traduzida por Bianca Carlos, localization Specialist da Bloomberg Línea

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Marcella McCarthy

Marcella McCarthy (Brasil)

Jornalista americana/brasileira especializada em tech e startups com mestrado em jornalismo pela Medill School na Northwestern University. Cobriu America Latina, Healthtech e Miami para o TechCrunch e foi fundadora e CEO de um startup Americano na área de EdTech. Baseada em Miami.