Marcha da Apple aos US$ 3 tri carrega riscos do vírus sobre o S&P

Grandes ganhos em ações de grandes empresas de tecnologia tendem a conduzir o S&P 500 a altas recordes

Para a Apple atingir o valor de mercado de US$ 3 trilhões, o preço de suas ações precisaria chegar a US$ 182,86
Por Kriti Gupta
28 de Dezembro, 2021 | 01:06 PM

Bloomberg — A Apple, cujas ações servem como proxy em tempo real do sentimento de risco em relação à pandemia, está perto de uma capitalização de mercado de US$ 3 trilhões. Se a história serve de guia, esse marco pode sinalizar que uma correção técnica está à frente, tanto para a ação quanto para o mercado em geral.

O gráfico de hoje mostra as ações da Apple em uma escala logarítmica, medindo a aceleração do preço das ações nos últimos quatro anos. Também mostra a última vez em que a Apple atingiu marcos de trilhões de dólares. Quando a fabricante do iPhone atingiu US$ 1 trilhão em capitalização de mercado, seguiu-se uma queda de cerca de 40% no preço das ações, que durou meses. Na marca de US$ 2 trilhões, a ação enfrentou uma queda de 20% no mercado em um período de semanas.

Ações da Apple recuam, liderando correções do índicedfd

O efeito cascata nesses episódios foi além da Apple. Grandes ganhos em ações de grandes empresas de tecnologia tendem a conduzir o S&P 500 a altas recordes, com o benchmark potencialmente estabelecendo seu 70º fechamento recorde para o ano de hoje (28). Mas esses motivadores de mercado também podem gerar grandes vendas. O recuo da Apple depois de atingir a marca de um trilhão de dólares contribuiu para a queda do mercado no outono de 2018. Também ajudou a alimentar o naufrágio de tecnologia de setembro de 2020, quando o S&P 500 caiu em meio à volatilidade relacionada às eleições.

Para a Apple atingir o valor de mercado de US$ 3 trilhões, o preço de suas ações precisaria chegar a US$ 182,86. O papel caía quase 1% nesta terça-feira (28), para cerca de US$ 179. Em meio ao baixo volume, o mercado de ações registrou amplos ganhos esta semana, portanto, é possível atingir o próximo patamar.

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Isso ocorre enquanto a Apple fecha algumas lojas em locais como Nova York, Los Angeles, Washington e Londres à medida que a variante ômicron se espalha. A companhia deu um passo semelhante no verão de 2020, antes da grande disponibilidade de vacinas. E quando Nova York e algumas outras cidades estavam reabrindo, o vírus estava se espalhando para o sul - incluindo os principais estados contribuintes do PIB, como Texas e Flórida.

Dado que os produtos da Apple são em grande parte itens de luxo, tal movimento serviu como um indicador em tempo real da demanda do consumidor e do tráfego de pessoas nas lojas. As ações da Apple reagiram a essas medidas, e o mercado mais amplo viu isso como um proxy para a propagação do vírus. Agora, os investidores estão, mais uma vez, seguindo o exemplo dessa ação crucial.

--Com assistência de Peter Deoteris

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