Bahia vive maior desastre natural de sua história

Com 20 mortos, 31,4 mil desabrigados, 31,3 mil desalojados, 116 municípios impactados, dos quais 100 em situação de emergência, Bahia ainda não prazo para reconstrução do Estado

Uma das principais estradas que levam às praias do sul da Bahia
28 de Dezembro, 2021 | 01:58 PM

Bloomberg Línea — As chuvas que atingem a Bahia nas últimas três semanas, em especial na região Sul e no Médio Sudoeste, já estão sendo consideradas o maior desastre natural do Estado, superando os alagamentos registrados em 1967, na famosa cheia do Rio Cachoeira. Hoje (28), falando diretamente de Ilhéus, no sul do Estado, a veículos de imprensa, o governador Rui Costa disse que, considerando a extensão e o número de municípios atingidos, as chuvas deste ano já podem ser classificadas como o maior desastre natural que a Bahia já viu.

“Tudo começou há mais ou menos três semanas, no sul da Bahia, com quatro cidades atingidas e cerca de 2,4 mil pessoas afetadas, mas o desastre se estendeu para outras regiões, pegando todo o extremo sul, médio sudoeste e Vale do Jequiriçá”, disse o governador hoje pela manhã. Os últimos dados da defesa civil da Bahia indicam que o número de mortes decorrentes do desastre já subiu para 20 e o de feridos chega a 358. O Estado contabiliza 31.405 desabrigados e 31.391 desalojados, em 116 municípios, dos quais 100 já decretaram situação de emergência.

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Estradas federais e estaduais estão com trechos interditados. Pontes e ruas em municípios foram destruídas. “Não é possível neste momento estipular o prazo de recuperação das estradas porque ainda não temos a dimensão exata dos estragos”, disse o governador. Em alguns casos, será necessário aguardar vistorias técnicas para se identificar a melhor solução para cada caso. Por esse motivo, o governo da Bahia ainda não consegue identificar a quantidade de projetos a serem definidos nem o montante de recursos a serem aplicados na reconstrução do Estado.

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Crédito a juro zero

Mesmo com trechos de estradas interrompidos e com regiões ainda sob as águas, Rui Costa não recomendou que o deslocamento das pessoas fosse suspenso. Ele disse que para aqueles que se deslocam à região que o façam com cuidado e lembrou a importância econômica que o turismo tem para as áreas atingidas.

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Para incentivar a retomada do comércio e da atividade econômica, o governo da Bahia disponibilizou aos comerciantes da região uma linha de financiamento sem juros para empréstimos até R$ 150 mil, com 12 meses de carência e 36 meses para pagamento por meio do DesenBahia. Para valores superiores, as taxas de juros cobradas são do CDI. “Vamos ajudar a reconstruir a vida das pessoas, buscar as parcerias com as prefeituras para recuperar a infraestrutura danificada e, neste momento, garantir a acessibilidade das pessoas, ainda que de forma provisória. Com as chuvas passando, vamos iniciar a recuperação definitiva”, disse Costa.

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Para as pessoas afetadas, Rui Costa disse que o governo do Estado vai estipular um auxílio financeiro às pessoas e também ajudar na reconstrução das casas atingidas nos municípios em estado de emergência. Segundo Costa, alguns milhares de casas precisarão ser reconstruídas e outras ainda passarão por análise da defesa civil para avaliar as estruturas e segurança dos imóveis. “Faço um apelo para que os prefeitos façam o cadastramento das pessoas, com nome, CPF, RG, data de nascimento, endereços, ruas e locais alagados. É preciso esse cadastro para cumprir medidas legais para a liberação da ajuda”, disse o governador.

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Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.