Mercados externos em compasso de espera em dia de decisão do Fed

Bolsas internacionais operam sem rumbo definido nesta manhã, com maioria dos índices inclinando-se para o lado negativo

As variáveis que orientarão os mercados internacionais
03 de Novembro, 2021 | 08:31 AM

Barcelona, Espanha — Após muita expectativa e antecipação nos preços dos ativos, os investidores hoje finalmente conhecerão o veredito do Federal Reserve (Fed) sobre os juros e o programa de recompra de títulos.

O consenso é de que o banco central dos Estados Unidos comece o “tapering” já em meados de novembro ou dezembro, ou seja, deixará de prover tanta liquidez ao mercado. A medida foi instaurada para estimular uma economia combalida pela pandemia, mas sinais de recuperação econômica e a inflação em alta tornam dispensável esta injeção de recursos. A recente disparada dos preços de energia, além da escassez de algumas matérias-primas e os problemas nas cadeias de abastecimento, deverão manter a inflação elevada.

O mercado parece estar muito seguro da decisão do Fed e ontem voltou a superar pontuações recordes, guiado sobretudo pelos balanços corporativos, cujas margens de lucro têm surpreendido positivamente e resistido ao aumento nos preços das commodities e aos problemas nas cadeias de suprimentos.

Tanto as bolsas europeias como os futuros de índices em Nova York operavam sem rumo definido, com a maioria dos indicados pendendo para o negativo. Na Ásia, a queda foi generalizada (a bolsa do Japão hoje fechou por feriado nacional).

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No mercado de dívida, as curvas de rendimento de títulos do Tesouro norte-americano estão se achatando. A diferença entre o prêmio dos bônus de 30 anos e os de dois anos baixou três pontos base. Esse gap tem se reduzido desde maio: as apostas de uma alta de juros sustentam os títulos de curto prazo, enquanto as preocupações em torno da atividade econômica limitam os ganhos dos papéis mais longos.

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Os principais mercados esta manhãdfd

Mais elementos para análise

Também rondam o mercado as expectativas em torno do Bank of England (BoE), que amanhã anuncia sua decisão de política monetária. Alguns analistas estimam que a autoridade monetária britânica poderá aplicar agora uma alta dos juros básicos, de até 10 pontos, para 0,20%.

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  • E por falar no país, hoje foi anunciado que os preços das casas no Reino Unido subiram mais do que o previsto em outubro, apesar do fim de um corte fiscal nas compras, mas a Nationwide Building Society advertiu que um aperto no padrão de vida e um aumento das taxas de juros provavelmente esfriarão o mercado.
  • O preço médio de uma casa subiu 0,7% em relação a setembro. Os economistas esperavam um acréscimo de apenas 0,3%. O ritmo anual de crescimento ficou praticamente estável em 9,9%.

Atenção também para o comportamento do petróleo. Amanhã a OPEP+ define se aumentará ou não a produção da commodity. Os Estados Unidos estão pressionando o cartel para elevar a oferta. O petróleo bruto disparou em 2021 com a recuperação da demanda drenando os estoques, com o barril de cru tipo WTI disparando cerca de 70%.

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No radar dos investidores

XP Inc. divulga, nesta quarta-feira (3), seu resultado financeiro do terceiro trimestre. Os números da plataforma tecnológica de investimentos, dona das marcas XP, Rico, Clear, Infomoney, XPeed e Spiti, devem ser enviados à SEC (xerife do mercado americano) no fim da tarde.

Outros destaques:

  • Fed: decisão sobre o rumo das taxas de juros e a política de estímulo monetário via recompra de títulos, hoje
  • Pedidos às fábricas dos Estados Unidos, indicador de bens duráveis, hoje
  • Reunião da OPEP+ sobre produção de petróleo, amanhã (4)
  • Banco da Inglaterra anuncia sua decisão sobre juros e programa de aquisição de títulos, amanhã (4)
  • Desemprego nos EUA, pagamentos no setor não-agrícola, sexta-feira (5)
  • Balanços: Qualcomm, Booking Holdings, Fox Corp, Marriott International.

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-- Com informações de Bloomberg News

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.