XP divulga resultado trimestral nesta quarta e comenta aperto monetário

Ciclo de alta da taxa Selic piora cenário para a plataforma de investimentos, avaliou Credit Suisse ao cortar preço-alvo para ADR

A XP Inc., maior plataforma independente de investimentos do Brasil que engloba as marcas XP, Rico, Clear, Xpeed, Infomoney, entre outras, iniciou  a negociação de BDRs (Brazilian Depositary Receipts) na B3, no dia 4 de outubro
02 de Novembro, 2021 | 05:25 PM

São Paulo — A XP Inc. divulga, nesta quarta-feira (3), seu resultado financeiro do terceiro trimestre. Os números da plataforma tecnológica de investimentos, dona das marcas XP, Rico, Clear, Infomoney, XPeed e Spiti, devem ser enviados à SEC (xerife do mercado americano) no fim da tarde.

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Em seu site de relações com investidores, a XP marcou a divulgação para o período entre 18h e 19h no Brasil. A companhia, que diz ter mais de 3 milhões de clientes e R$ 715 bilhões de ativos sob custódia, abriu capital na bolsa norte-americana Nasdaq em dezembro de 2019.

No segundo trimestre, o grupo lucrou R$ 1 bilhão, aumento de 83% em relação a igual período do ano passado, atribuindo o resultado à maior oferta de produtos e serviços em sua plataforma e à entrada em novos segmentos para o público de alta renda, como cartão de crédito.

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O CFO da XP, Bruno Constantino, deverá comentar, nesta quarta-feira, o resultado do terceiro trimestre com jornalistas, abordando o novo cenário macroeconômico brasileiro, marcado pelo ambiente de juros em alta, pela recente volatilidade no mercado acionário e pelas preocupações com inflação e eleições gerais em 2022.

A disparada da taxa Selic, que saltou de 2,75% em março para os atuais 7,75% ao ano, foi um dos motivos citados recentemente pelo banco Credit Suisse para cortar o preço-alvo das ações da XP Inc., de US$ 43 para US$ 37 por papel, com recomendação neutra, avaliando que cada 100 pontos-base (1%) de aumento no custo de capital para o acionista reduz o valor justo da XP em 18%.

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Questionado por Bloomberg Línea na videoconferência do resultado financeiro do segundo trimestre, no começo de agosto, o CFO da XP descartou, na ocasião, uma mudança de estratégia do grupo com as novas elevações da Selic, que provocam correções negativas em ativos de renda variável. “Se os volumes negociados diminuírem por conta de aumento de juros, renda fixa tende a aumentar”, disse na época.

Outro ponto de atenção é o futuro da companhia após a cisão da participação do Itaú Unibanco na XP, aprovada pelo Banco Central no último dia 23 de julho. No dia 4 de outubro, a XP iniciou negociações de BDRs (certificados que representam ações de empresas listadas no exterior) na B3. Os acionistas do Itaú receberam BDRs da XP, após a aprovação da incorporação da XPart pela XP Inc. anunciada no dia 2 de outubro.

Negociado sob o ticker XPBR31, o BDR da XP fechou, na última segunda (1º), cotado a R$ 193,22 (alta de 4,44%), mas acumula baixa de 13,66% desde sua estreia.

Recente relatório divulgado pelo BTG Pactual, após encontro de seus analistas com Constantino, citou fala do CFO de que a XP melhorou sua governança corporativa desde o IPO, mas ainda há avanços a ser feitos com a saída dos acionistas do Itaú após a cisão.

Quando os BDRs da XP estrearam na B3, Constantino disse que a perspectiva de liquidez para os certificados era positiva, pois a companhia herdou uma base acionária de 500 mil investidores do Itaú, incluindo centenas de milhares de pessoas físicas, fundos globais, entre outros agentes de mercado.

Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.