Gol e Azul brigam pela liderança do mercado; Latam avança

Em 12 meses, até setembro, Gol tinha market share de 33,7%, e Azul, 33,6%, mas só em setembro Latam liderou

Mesmo em recuperação judicial, Latam se destacou em setembro no relatório da Anac sobre o mercado doméstico
27 de Outubro, 2021 | 08:15 PM

São Paulo — Quem é a maior companhia aérea do Brasil? A resposta não é fácil. A Gol se apresenta como “a maior companhia aérea do Brasil e líder no segmento corporativo e de lazer”, em seus comunicados. Mais específica, a Azul diz ser “a maior companhia aérea do Brasil em número de voos e cidades atendidas, tendo aproximadamente 700 voos diários, para mais de 120 destinos”. Já a Latam Brasil foca em ser parte do grupo chileno Latam Airlines, “o principal grupo de companhias aéreas da América Latina”.

Dados divulgados pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), referentes ao mês de setembro, mostram a Latam com fatia de 37,5% do mercado doméstico, à frente de suas concorrentes - Gol com 28,6% e Azul com 33,3%.

O relatório da Anac também traz dados acumulados de 12 meses, até setembro. Nesse recorte, a liderança do mercado brasileiro é disputada por Gol (33,7% do market share) e por Azul (33,6%), ou seja, uma diferença de apenas 0,1 ponto percentual, enquanto a Latam aparece com 32,1%. Os dados da Anac consideram a demanda medida por passageiros por quilômetros pagos transportado (RPK, na sigla em inglês).

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Só a Latam, que está em recuperação judicial, divulgou comunicado sobre os novos números da Anac. “A ocupação das aeronaves da Latam nos voos nacionais pulou de 81,3%, em agosto deste ano, para 83,9% em setembro”, informou a companhia, acrescentando que ampliou sua participação de 35,3% em agosto para 37,5% em setembro.

No último mês, a empresa operou 82% da sua oferta doméstica de assentos (medida em ASK, sigla em inglês para assentos‐quilômetros oferecidos) em comparação com setembro de 2019 (período anterior à pandemia). “Se comparado com setembro de 2020, a oferta de assentos dobrou (220%). Ao todo, foram 466 voos nacionais diários, que transportaram 2 milhões de passageiros no mês passado. Em agosto, essa quantidade foi de 1,8 milhão”, diz a Latam.

Pré-pandemia

Já a Anac divulgou que a demanda e a oferta de voos no mercado doméstico estão próximas ao patamar do período pré-pandemia, considerando os seus dados divulgados ontem. Segundo a agência, os indicadores aferidos no mês de setembro deste ano apresentaram retração de 17% na comparação com dados de 2019.

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Durante todo o mês de setembro deste ano foram embarcados mais de 5,8 milhões de passageiros no mercado doméstico, o valor corresponde a 75% do total de embarques em igual período de 2019, informou a Anac. No acumulado do ano, esse valor foi da ordem de 41 milhões de passageiros, redução de 40,6% na comparação com dois anos antes.

O volume de carga e correio pago transportado pelas companhias aéreas no mês de setembro dentro do país foi de 32,5 mil toneladas, número 9,7% menor do total registrado em igual período de 2019, segundo a agência.

Mercado internacional

Apesar de alguns países já terem reaberto suas fronteiras para o turismo internacional, no geral, os indicadores do mercado estrangeiro permanecem sob influência da forte retração registrada nos últimos meses, segundo a Anac. A demanda de passageiros no nono mês do ano foi 73,6% menor do que o valor registrado no mesmo mês de 2019. Na comparação com igual período, a queda na oferta por voos foi de 61,6%.

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Por sua vez, o transporte de carga e correio pago teve crescimento de 24% no mês de setembro na comparação com dois anos antes, com volume total de 81.818 toneladas transportadas, segundo a agência. No acumulado dos nove meses do ano, a alta no indicador foi de aproximadamente 14% frente aos dados de 2019.

Segundo a Anac, a comparação dos indicadores apresentados com o mesmo período de 2019 tem sido realizada desta forma, considerando que, há dois anos, a aviação não estava sob impacto da pandemia causada pela Covid-19, que tem afetado o transporte aéreo há pelo menos 18 meses.

Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.