Desempenho da Heineken na Ásia mostra que pandemia não acabou

Segunda maior cervejaria do mundo divulgou queda de 37% nos embarques de cerveja na região

Ásia responde por quase 16% da receita total da Heineken
Por Thomas Buckley
27 de Outubro, 2021 | 02:00 PM

Bloomberg — A Heineken, segunda maior cervejaria do mundo, divulgou queda de 37% nos embarques de cerveja na Ásia, um sinal de que empresas que dependem de mercados emergentes enfrentam o risco de a demanda evaporar em países com baixas taxas de vacinação.

O volume total de cerveja registrou baixa de 5,1% em uma base orgânica no terceiro trimestre, acima das projeções de analistas, disse a Heineken na quarta-feira. Os embarques no Vietnã, tradicionalmente o terceiro maior mercado da Heineken, caíram mais da metade devido aos lockdowns no país para frear a variante delta. Menos de 25% da população do país tem imunização completa.

Os números destacam o risco para empresas como Unilever e Nestlé que dependem do crescimento dos mercados emergentes, alguns dos quais entram novamente em lockdowns com grande parte da população ainda não vacinada. Países ricos usaram 75% de todos os imunizantes contra a Covid produzidos, enquanto nações de baixa renda receberam menos de 0,5% das doses, disse o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, no início de outubro.

“Sentados aqui em nossos escritórios em Londres ou Nova York, parece que saímos do outro lado da pandemia, mas isso certamente não é verdade em outras partes do mundo e vemos que está completamente ligado à disponibilidade de vacinas”, disse o diretor-presidente da Unilever, Alan Jope, em entrevista na semana passada à Bloomberg TV.

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A Ásia responde por quase 16% da receita total da Heineken, já que a cervejaria conquistou participação de mercado em países como Camboja e Malásia. Os fracos números da Heineken trazem um certo pessimismo quanto ao desempenho das rivais Carlsberg e Anheuser-Busch InBev, que divulgam resultados na quinta-feira.

No Camboja, o volume de cerveja da Heineken encolheu devido às restrições da pandemia, como a proibição das vendas de bebidas alcoólicas. Na Malásia, os volumes caíram quase 20% devido à suspensão da produção da Heineken por mais de dois meses para cumprir um mandato do governo em meados do ano.

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No início do ano, o CEO da Heineken, Dolf van den Brink, disse que o fraco desempenho da divisão da Ásia em meio a lockdowns nos mercados do Sudeste Asiático foi uma surpresa.

Os números ecoam os resultados da Unilever na semana passada, quando a empresa divulgou forte queda da demanda no sudeste da Ásia. O Vietnã foi especialmente afetado pela Covid-19, e a economia ficou fechada na maior parte do trimestre, com a entrega de alimentos aos residentes feita pelo Exército.

Embora a Heineken tenha mantido a estimativa para o ano, isso não quer dizer muito, já que a previsão é de queda dos lucros.

A cervejaria, em linha com outras empresas de bens de consumo, enfrenta aumento dos custos das commodities, com os futuros do alumínio perto do nível mais alto desde 2008. A Heineken disse que está sendo “assertiva” ao subir os preços para compensar isso.

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