Aumento da Selic em 1,5 pp agora é cenário base com disparada da inflação

Pressão para que o Copom aumente as taxas mais rapidamente surge em meio aos planos de maiores gastos públicos

Juros mais altas podem desacelerar ainda mais a rotação de renda fixa para ações e pesar em múltiplos devido a um custo de capital mais alto
Por Maria Elena Vizcaino e Vinícius Andrade
26 de Outubro, 2021 | 03:56 PM

Bloomberg — Os investidores agora estão apostando que um aumento de 1,5 ponto percentual na taxa de juros pelo Banco Central amanhã (27) é o cenário base, depois que os dados mostraram que uma aceleração da inflação neste mês foi maior do que o esperado.

Gestores aumentaram suas apostas na taxa Selic nesta terça-feira (26), com o IPCA-15, prévia da inflação oficial, acelerando 1,2% na primeira quinzena de outubro em relação ao mês anterior - mais do que todas as estimativas em uma pesquisa da Bloomberg - informou o IBGE. A Selic atualmente está em 6,25%.

Há apenas duas semanas, os preços dos DIs sugeriam que os investidores esperavam que o Banco Central do Brasil entregaria o aumento de 1 ponto percentual que havia apontado em sua última reunião. A pressão para que o Comitê de Política Monetária (Copom) aumente as taxas mais rapidamente surge em meio aos planos de maiores gastos públicos.

Veja mais: Wall Street eleva aposta para aumento da Selic na próxima semana

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Economistas do Goldman Sachs Group e Citigroup aumentaram suas estimativas para a decisão de quarta-feira para um aumento de 1,5 ponto percentual.

Juros saltam com problemas orçamentários e dados de inflaçãodfd

A probabilidade implícita de a autoridade monetária elevar a taxa básica em mais de 1,5 ponto-percentual já é superior a 30%, de acordo com as opções negociadas no B3.

“Esperávamos um aumento de 1,5 ponto percentual, mas parece que está perto agora”, disse Fabricio Taschetto, diretor de investimentos da administradora de fundos de hedge Ace Capital em São Paulo. “O risco é se um aumento de 2 pontos percentuais se tornar o cenário base.”

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O real tem o pior desempenho entre mercados emergentes hoje (26), e caía 0,4% para R$ 5,58 por dólar pela manhã. Enquanto isso, o Ibovespa recua colocando-se entre os índices de ações com pior desempenho acompanhados pela Bloomberg. Juros mais altas podem desacelerar ainda mais a rotação de renda fixa para ações e pesar em múltiplos devido a um custo de capital mais alto.

“A deterioração do cenário fiscal pode elevar ainda mais a inflação e as taxas de curto prazo, enquanto a atividade econômica deve ser impactada”, escreveram estrategistas do BTG Pactual liderados por Carlos Sequeira em um relatório na segunda-feira (25).

--Com assistência de Davison Santana

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