Renault reduz estimativa de produção por escassez de chips

Empresa afirma que a prioridade será a fabricação de novos modelos e que os lançamentos para o próximo ano não sofrerão atrasos

Montadora continua sendo fortemente afetada pela crise de semicondutores e chips
Por Tara Patel
22 de Outubro, 2021 | 12:50 PM

Bloomberg — A Renault perderá mais produção de carros este ano que o previsto anteriormente devido à piora da escassez global de chips – outro obstáculo para os planos de recuperação da montadora.

A montadora francesa fabricará cerca de 500 mil veículos a menos – o equivalente a quase um quinto da produção do ano passado – devido à falta de componentes, disse na sexta-feira (22). A Renault anteriormente havia estimado uma diferença de 200 mil carros.

Apesar das interrupções, a empresa manteve sua meta de margem do exercício completo e enxerga fluxo de caixa operacional livre automotivo positivo devido a melhores preços e direcionamento da produção para seus modelos mais lucrativos.

A escassez de semicondutores e outros componentes necessários para fabricar novos veículos prejudicou as montadoras em todo o mundo, forçando o fechamento de fábricas e causando atrasos na entrega de novos modelos. As vendas de carros na Europa devem cair ainda abaixo dos níveis já diminutos de 2020, quando as restrições da pandemia afetaram as entregas.

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“A Renault enfrenta outro exercício financeiro catastrófico depois que o grupo ficou no vermelho em 2019 e 2020″, disse o analista do Nord/LB, Frank Schwope, em nota. A empresa está “no meio de uma reestruturação e pode ficar para trás”.

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Vendas da Renault em milhões de veículosdfd

O CEO da Renault Luca de Meo expressou em julho certo otimismo de que a crise de chips diminuiria no segundo semestre. Na época, ele declarou que a Renault estava se recuperando enquanto colocava em prática seu plano. Em vez disso, a empresa perdeu a produção de cerca de 170 mil veículos no terceiro trimestre, e a receita caiu 13%, chegando a 9 bilhões de euros (US$ 10,5 bilhões). A Renault alertou na sexta-feira sobre incertezas para o restante do ano.

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A disponibilidade de semicondutores “tem sido pior que o previsto”, disse a vice-CEO Clotilde Delbos durante uma reunião com analistas. “As informações que obtemos dos fornecedores são muito pouco confiáveis, para dizer o mínimo”.

As ações da Renault tiveram alta de 0,76% em Paris nesta sexta, mas acumulam baixa de 12,8% neste ano.

As fábricas da montadora em Batilly, Sandouville e Palencia ficaram fechadas a semana toda, e a de Maubeuge ficou parada por três dias. Embora o custo das matérias-primas esteja aumentando, a empresa ainda não enfrenta escassez desses componentes, disse Delbos, acrescentando que a Renault aumenta os preços dos veículos sempre que possível.

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A recuperação da Renault depende da repaginação de uma linha defasada e do aumento da eficiência em toda a sua rede de produção. Delbos afirmou que novos modelos como o Megane serão priorizados, e os lançamentos planejados para o próximo ano não serão postergados. A empresa espera cumprir sua meta de cortar 2 milhões de euros em custos este ano.

As vendas do veículo elétrico Zoe caíram para cerca de 47 mil no ano até setembro, em comparação com mais de 64 mil em 2020, pois o modelo obsoleto está sob pressão de rivais.

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