Ministério reforça vigilância sanitária após caso de peste suína africana na República Dominicana

Portos e aeroportos terão de assegurar que viajantes obedecem regras de ingresso no país de produtos que representam risco à segurança agropecuária

Governo brasileiro diz ter reforçado as recomendações em portos e aeroportos para assegurar que viajantes obedeçam regras de ingresso no país de produtos que representam risco à segurança agropecuária
30 de Julho, 2021 | 08:14 PM

São Paulo — O Ministério da Agricultura do Brasil informou estar monitorando a ocorrência de dois focos de peste suína africana na República Dominicana. A chegada da doença ao continente acendeu a luz amarela entre frigoríficos e produtores de suínos no Brasil, que passaram a intensificar as medidas preventivas para manter o país livre da doença.

O governo emitiu alertas para os setores de controle de importações, da vigilância agropecuária internacional e dos serviços oficiais de saúde animal. O Ministério da Agricultura já entrou em contato com as autoridades de saúde animal da República Dominicana e com representantes da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) para obter mais detalhes dos casos identificados.

“Reforçamos as recomendações para vigilância em portos e aeroportos, para assegurar que companhias aéreas e marítimas e viajantes obedeçam às proibições de ingresso de produtos que representem risco de pragas e doenças para a agropecuária”, disse em nota o diretor de Saúde Animal do ministério, Geraldo Moraes.

POR QUE ISSO É IMPORTANTE: Em 2018, a China detectou um caso da doença, que dizimou seu rebanho, levando à morte de 60% do plantel do país, considerado até então o maior produtor de carne suína do mundo. Ainda em 2021, a doença ainda não estava totalmente controlada, com pelo menos 11 casos tendo sido registrados oficialmente no país.

PUBLICIDADE
Após o surto de peste suína africana na China em 2018, a disponibilidade do produto no mercado doméstico recuou cerca de 20% por conta da morte de 60% do rebanho, derrubando o consumo per capita de 40 quilos para os atuais 28 quilosdfd

Maior mercado consumidor de carne suína do mundo, a disponibilidade do produto aos chineses caiu mais de 20% em 2019 por conta do surto do ano anterior, segundo estimativas do Rabobank. Com a menor disponibilidade de produto, o consumo per capita do país de 40 quilos em 2018 caiu para 32,6 quilos em 2019 e para 28 quilos no ano passado, atingindo o menor patamar desde 1997.

O Brasil é atualmente o quarto maior produtor e exportador mundial de carne suína. Em 2020, produziu 4,43 milhões de toneladas, cerca de 4,5% da produção global, e exportou 1,02 milhão de toneladas para 97 países. Em junho deste ano, a receita obtida com as vendas externas do Brasil atingiu um novo recorde mensal.

CONTEXTO: O caso de peste suína africana na República Dominicana é o primeiro a ser registrado no continente americano desde a década de 80. Ele foi diagnosticado pelo Laboratório de Diagnósticos de Doenças Exóticas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e confirmado ontem pela OIE. A doença foi considerada erradicada depois das últimas ocorrências registradas no Brasil, em 1981, Cuba, Haiti e na própria República Dominicana.

A doença é provocada por um vírus, que não oferece risco à saúde humana, mas pode dizimar criações de suínos, devido às altas taxas de transmissão e mortalidade entre os animais. É considerada pela OIE uma das doenças mais relevantes para o comércio internacional de suínos

Alexandre Inacio

Jornalista brasileiro, com mais de 20 anos de carreira, editor da Bloomberg Línea. Com passagens pela Gazeta Mercantil, Broadcast (Agência Estado) e Valor Econômico, também atuou como chefe de comunicação de multinacionais, órgãos públicos e como consultor de inteligência de mercado de commodities.