Neuralink implantou chip no cérebro de uma pessoa pela primeira vez, diz Elon Musk

Procedimento faz parte de testes, cujo objetivo é permitir que pacientes que perderam o controle de seus membros possam controlar computadores por meio de sua atividade cerebral

Elon Musk, billionaire and chief executive officer of Tesla, at the Viva Tech fair in Paris, France, on Friday, June 16, 2023. Musk predicted his Neuralink Corp. would carry out its first brain implant later this year.
Por Sarah McBride
30 de Janeiro, 2024 | 10:15 AM

Bloomberg — Elon Musk disse que um paciente humano recebeu o primeiro implante cerebral de sua startup Neuralink, um passo significativo para a empresa que tem como objetivo permitir que os seres humanos controlem computadores com suas mentes.

Em uma postagem no X, anteriormente Twitter, Musk disse que o paciente está se recuperando bem e que os resultados iniciais do procedimento foram promissores.

O implante cerebral da Neuralink tem como objetivo ajudar pessoas com lesões traumáticas a operar computadores usando apenas seus pensamentos.

Em maio do ano passado, a empresa anunciou que havia recebido aprovação da FDA (Food and Drug Administration) dos Estados Unidos para conduzir seus primeiros testes em humanos.

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E, no final do ano passado, a Neuralink disse que estava recrutando pacientes com quadriplegia devido a lesões na medula espinhal cervical ou esclerose lateral amiotrófica (ELA) para o estudo.

No X, Musk escreveu que o primeiro produto da Neuralink seria chamado de Telepatia. Ele permitirá o “controle do seu telefone ou computador e, por meio deles, quase qualquer dispositivo, apenas pensando”, disse na segunda-feira (29).

Musk acrescentou que os usuários iniciais do produto serão pessoas que perderam o uso de seus membros. “Imagine se Stephen Hawking pudesse se comunicar mais rápido do que um rápido digitador ou um leiloeiro”, escreveu. “Esse é o objetivo.”

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Musk disse que a Neuralink teve bons resultados na detecção de picos de neurônios - o que significa que a empresa está obtendo registros do cérebro do paciente, disse Kip Ludwig, co-diretor do Instituto de Neuroengenharia Translacional de Wisconsin, da Universidade de Wisconsin.

Agora, a Neuralink precisa mostrar que pode fazer mais do que outras empresas líderes na área, como Blackrock Neurotech e Synchron, disse ele.

A Neuralink já realizou extensos testes em animais, em que macacos conseguiram jogar videogames apenas com seus cérebros. Os experimentos levantaram alarmes com alguns grupos de defesa dos direitos dos animais, como o Comitê de Médicos pela Medicina Responsável, pelo trabalho da empresa com primatas.

Por vários anos, Musk disse que implantar um humano com seu dispositivo era iminente. Em julho de 2019, ele previu cirurgia em uma cabeça humana até o final do ano. Enquanto isso, outras empresas, como a Synchron, avançaram implantando seus próprios dispositivos em cérebros humanos, o que levou a sugestão de que a Neuralink estava ficando para trás. A notícia de segunda-feira provavelmente diminuirá essa crítica.

O cronograma longo destaca o quão difícil é a tarefa à frente da Neuralink.

Os chips da startup têm como objetivo ir apenas alguns milímetros dentro do cérebro. Isso ainda é mais profundo do que muitos outros sistemas, como o em desenvolvimento pela Precision Neuroscience, que fica em cima do tecido cerebral.

Normalmente, os testes em humanos, que é o tipo de estudo que a Neuralink acabou de lançar, envolvem cinco a dez pessoas e levam cerca de seis meses. Se correr bem, a Neuralink pode iniciar o que é conhecido como um estudo de viabilidade e, finalmente, um estudo crucial. No ano passado, a Neuralink disse esperar realizar 11 cirurgias em 2024.

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Apesar do progresso, um implante cerebral comercial não é iminente.

“Eu acho que há um perigo de superestimar isso”, disse Jaimie Henderson, conselheiro da Neuralink e professor de neurocirurgia da Universidade Stanford, em uma entrevista que ocorreu na semana passada, antes do anúncio da notícia de segunda-feira. Henderson disse estar animado com a tecnologia, mas acrescentou que um dispositivo aprovado ainda está a anos de distância.

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