Unilever cresce acima do esperado com plano de turnaround e ‘descola’ da Nestlé

Empresa britânica teve crescimento em todas as regiões no 1º trimestre, diferentemente da suíça, cujas vendas tiveram menor aumento desde pelo menos 2020

A Unilever apresentou resultados no primeiro trimestre acima das expectativas (Foto: Peter Boer/Bloomberg)
Por Dasha Afanasieva - Deirdre Hipwell
25 de Abril, 2024 | 10:05 AM

Bloomberg — A Unilever virou o jogo em relação à Nestlé no primeiro trimestre, à medida que a empresa britânica de bens de consumo (de alimentos mas também de beleza) superou a companhia suíça após anos de desvantagem.

A fabricante da maionese Hellmann’s, do caldo Knorr e dos sabonetes Dove disse que as vendas aumentaram mais do que o esperado, enquanto o CEO, Hein Schumacher, avança com seu plano de recuperação e a inflação em queda encoraja os consumidores a voltarem a comprar marcas premium.

A empresa registrou crescimento em todas as regiões, diferentemente da suíça Nestlé, que atua com alimentos e cuja ação caiu nesta quinta-feira (25) na bolsa depois que o crescimento das vendas recuou para o seu nível mais baixo desde pelo menos 2020, devido à fraqueza na América do Norte.

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Os resultados ampliam uma tendência recente de baixo desempenho para a Nestlé. A maior fabricante de alimentos do mundo tem decepcionado os investidores nos últimos trimestres, com problemas de TI afetando sua unidade de vitaminas e agora, com uma demanda morna por alimentos congelados nos Estados Unidos.

O CEO, Mark Schneider, recebeu o crédito por renovar a Nestlé, se desfazendo de marcas não essenciais para se concentrar em negócios de maior crescimento. Enquanto isso, a recuperação da Unilever parece estar se consolidando.

Troca de posições

A Unilever, que já foi acusada de ter “resultados medíocres” por um acionista-chave no passado recente, se ressentia, na visão de parte dos investidores, de direção estratégica nos últimos anos e sofria com falhas, como uma tentativa equivocada de comprar a divisão de consumo da GSK.

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O plano de turnaround de Schumacher envolve uma possível cisão de sua divisão de sorvetes, cortes de empregos e uma redução significativa dos compromissos ambientais e sociais.

Mark Schneider, CEO da Nestlédfd

Enquanto os números da Unilever e dos europeus Danone e Reckitt Benckiser sugerem que os consumidores estão começando a voltar às grandes marcas, a Nestlé parece, por ora, ser uma exceção.

A J Sainsbury, a segunda maior rede de supermercados do Reino Unido, disse nesta quinta-feira que também está vendo mudança de comportamento em relação a marcas mais baratas.

“Vimos mais evidências de clientes começando a adquirir marcas mais caras também”, disse o CEO Simon Roberts, depois de elevar a previsão de lucro da rede para o ano.

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As ações da Nestlé caíram quase 5% no início das negociações, a maior queda em dois meses. O papel está cerca de 20% abaixo do valor do último ano. As ações da Unilever subiram mais de 5% nesta quinta-feira, e o papel cai 8% no ano.

Schneider disse que as “pressões financeiras significativas” para os americanos de baixa renda, muitos dos quais viram uma redução nos programas governamentais de assistência nutricional, prejudicaram seu desempenho no primeiro trimestre.

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Conforme a Nestlé ultrapassa a retirada dos programas de assistência, os números devem começar a melhorar, disse ele em teleconferência com analistas.

A rival americana PepsiCo e a produtora francesa de bebidas alcoólicas Pernod Ricard também têm experimentado uma demanda mais fraca na América do Norte.

Fonte: Bloombergdfd

A Unilever, por outro lado, teve um desempenho relativamente bom nos EUA, onde as vendas cresceram 3,6%, impulsionadas pelas ofertas premium do grupo. Pode ser apenas o primeiro trimestre, mas o “impulso melhorado” mostra que a recuperação está no caminho certo, disse Schumacher.

A Nestlé tem enfrentado dificuldades em outras frentes, incluindo a questão de integração de TI em seu negócio de vitaminas, que ainda está prejudicando as vendas.

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A divisão de águas admitiu o uso de métodos de filtragem não permitidos para água mineral na França, enquanto foi criticada por adicionar açúcar aos seus produtos de alimentação infantil.

-- Com a colaboração de Jennifer Creery.

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