Bloomberg — A Rémy Cointreau nomeou Franck Marilly, conselheiro comercial do governo francês e ex-veterano da Chanel, como diretor executivo (CEO) da fabricante de conhaque, que enfrenta desafios tarifários em dois de seus principais mercados, além de mudanças de comportamento geracionais.
Marilly, 59 anos, assumirá o cargo em 25 de junho no lugar de Eric Vallat, que disse no mês passado que deixaria o cargo neste verão no hemisfério norte, após um período turbulento no comando de uma empresa conhecida por sua marca Remy Martin VSOP.
A Rémy e os fabricantes rivais de conhaque estão sob pressão de uma investigação antidumping na China, que impôs taxas temporárias sobre as importações do conhaque francês.
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Os canais por meio de duty free foram suspensos, o que levou a uma nova queda nas vendas de conhaque em seus resultados mais recentes. A empresa também enfrentou preocupações sobre possíveis tarifas de importação nos EUA.
As ações da Rémy, que haviam caído cerca de 45% no ano passado até o fechamento de terça-feira (27), recuaram 1,6% em Paris nesta quarta.
Marilly, que já trabalhou na Unilever, junta-se à Remy vindo da Shiseido, em que foi presidente da fabricante japonesa de cosméticos para a região que engloba Europa, Oriente Médio e África - antes de sua demissão neste mês.
Mas os analistas se concentraram em sua nomeação como consultor de comércio exterior da França em fevereiro, no governo de Emmanuel Macron, como informação especialmente relevante em um momento de tensões comerciais globais.
Isso pode “ajudar a Rémy a navegar nas negociações com a China sobre uma investigação antidumping que impôs taxas sobre as importações de brandy francês”, disse Duncan Fox, analista da Bloomberg Intelligence, em uma nota.
A nomeação “oportuna” de Marilly provavelmente será bem recebida pelos investidores, disse o analista Rashad Kawan, do Morgan Stanley.
O executivo se encarregará de um plano de corte de custos de 50 milhões de euros (56,5 milhões de dólares), enquanto a empresa busca melhorar sua margem operacional.
A Rémy disse em abril que este ano fiscal a colocaria de volta no caminho certo para atingir sua meta de crescimento de vendas de um único dígito até 2029/30.
Embora a ameaça das tarifas comerciais dos Estados Unidos seja grande, o desafio imediato da Rémy é voltar aos trilhos na China.
Macron tem tentado aprofundar os laços econômicos e disse neste mês que concordou com o presidente chinês Xi Jinping em resolver a disputa sobre o conhaque o mais rápido possível.
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