Magazine Luiza terá impulso em vendas com retomada da LuizaCred, diz CFO

Em entrevista à Bloomberg Línea, Roberto Bellissimo diz que a financeira do grupo está capitalizada em R$ 1 bilhão, recuperou a rentabilidade e está pronta para acelerar a emissão de cartões

Roberto Belíssimo, CFO do Magazine Luiza
07 de Novembro, 2024 | 07:08 PM

Bloomberg Línea — A Luizacred, joint venture entre Magazine Luiza (MGLU3) e Itaú Unibanco (ITUB4), vai acelerar a emissão de cartões nos próximos trimestres após uma capitalização de R$ 1 bilhão (R$ 500 milhões de cada sócio) neste ano e uma redução significativa da inadimplência, disse o CFO da varejista, Roberto Bellissimo, em entrevista à Bloomberg Línea. E isso será um motor para as vendas da empresa.

No terceiro trimestre, a financeira do grupo reportou um lucro líquido de R$ 66 milhões, o que levou a um resultado positivo de R$ 168 milhões nos últimos 12 meses.

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Foi o quarto trimestre consecutivo da financeira no “azul”, em linha com o ritmo de recuperação do Magazine Luiza, que reportou lucro líquido ajustado de R$ 70 milhões entre julho e setembro.

“Devemos ver uma reaceleração da LuizaCred nos próximos trimestres. Ela está totalmente capitalizada e preparada para o próximo ciclo de crescimento”, disse o executivo.

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Bellissimo disse que a financeira havia adotado postura conservadora na emissão de cartões nos últimos dois anos, após o crescimento da inadimplência decorrente do aumento da base de clientes em 2021.

“Ajustamos em 2022 e 2023. E em 2024 a LuizaCred voltou para a tendência de lucro elevado com um retorno sobre o patrimônio próximo de 20%”, destacou o CFO.

O TPV (volume total de pagamentos) de cartões da Luizacred atingiu R$ 14,7 bilhões no terceiro trimestre, com ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) atualizado de 18%. A carteira de crédito da financeira fechou o terceiro trimestre em R$ 19,3 bilhões, dos quais R$ 6,3 milhões em cartões de crédito.

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No terceiro trimestre, o índice de inadimplência da LuizaCred acima de 90 dias caiu de 10,5% para 8,8% em 12 meses, enquanto os atrasos de prazo mais curto (abaixo de 90 dias) recuaram de 3,3% para 2,8% na base anual.

“A inadimplência caiu para os menores patamares da história. Foi uma redução tão significativa que o Itaú, em sua divulgação de resultado, disse que deve começar a ver um crescimento mais forte de sua carteira de cartões de crédito”, afirmou o executivo, em referência às declarações do CEO do Itaú, Milton Maluhy Filho, em teleconferência com analistas no último dia 5.

A maior emissão de cartões pela LuizaCred deve ser favorecida pela sazonalidade do quarto trimestre, cujas vendas tendem a ser mais fortes devido à injeção do dinheiro extra do pagamento do 13º salário no comércio e às tradicionais compras de final de ano com Natal e Réveillon e Black Friday.

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“Com a LuizaCred voltando a emitir cartões em ritmo mais acelerado, o Magazine Luiza tende a crescer mais no varejo. No quarto trimestre, já há normalmente um crescimento devido à própria sazonalidade. Nos últimos meses, já vimos uma venda de novos cartões com tendência de crescimento sequencialmente”, disse Bellissimo.

Aporte dos sócios e índice de Basileia

Em agosto, houve a conclusão pela varejista de uma captação de R$ 300 milhões em debêntures. Os recursos foram usados para capitalizar a LuizaCred, o que deu sequência a um movimento iniciado no segundo trimestre.

“Já tínhamos capitalizado a LuizaCred em R$ 200 milhões e totalizamos agora R$ 500 milhões. O Itaú capitalizou com outros R$ 500 milhões. Neste ano, fizemos um aumento de capital na LuizaCred de R$ 1 bilhão”, detalhou.

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O CFO explicou que, após essa capitalização, a financeira se encontra agora com um nível considerado ideal de capital.

“A LuizaCred estaca um pouquinho abaixo do índice de Basileia. Agora está adequado: bem capitalizada, com índice de praticamente 13%, superior ao mínimo exigido pelo Banco Central”, disse.

A financeira tem emitido mais cartão atualmente do que no começo do ano, o que indica um cenário favorável para o aumento de vendas financiadas nos diferentes canais da varejista.

“Se conseguimos aumentar as vendas de mesmas lojas em 15% no terceiro trimestre, ainda sem a ajuda relevante da LuizaCred, nossa tendência é crescer ainda mais nos próximos trimestres. Estamos entrando em uma dinâmica positiva com um portfólio mais maduro e rentável”, disse Bellissimo.

Crescimento em lojas físicas e margem maior

No resultado consolidado, o Magazine Luiza elevou em 47% o Ebitda ajustado - métrica de geração de caixa operacional - no terceiro trimestre, com 8% de margem (+2,3 ponto percentual em 12 meses). As despesas financeiras líquidas ajustadas caíram 21% na base anual.

“Tivemos a maior margem Ebitda desde 2019″, destacou o CFO.

A receita líquida cresceu 5% em 12 meses, para um total de R$ 9 bilhões, levemente acima do consenso de estimativas dos analistas compiladas pela Bloomberg (R$ 8,991 bilhões).

A companhia voltou a crescer no chamado marketplace 1P (vendas do estoque próprio), após ter encolhido nesse canal no ano passado e ter ficado no “zero a zero” no segundo trimestre. No terceiro trimestre, houve um crescimento do 1P de 1%.

No marketplace 3P (vendas de produtos de terceiros), houve reajuste do take rate (comissão) cobrado dos sellers e aumento da rentabilidade.

“Há uma tendência de aceleração no 1P. Foi o primeiro trimestre desde o 2º trimestre de 2023 em que os três canais (1P, 2P e 3P) apresentaram crescimento na base anual”, disse o executivo.

A companhia reportou crescimento em todas as regiões e categorias, para além dos bens duráveis, cujas vendas são mais impactadas pelos juros que seguem elevados.

A varejista deu prosseguimento à trajetória positiva do ano com ganho de market share nas lojas físicas, que atingiram R$ 4,5 bilhões em vendas no terceiro trimestre, uma alta anual de 13%.

Segundo o CFO, após realizar mais de 20 aquisições nos últimos anos, o Magazine Luiza tem “plantado para colher” com o avanço de um ecossistema diversificado de soluções.

Essa frente incluem markeplace, novas categorias, novas parcerias - como a fechada com o Ali Express em produtos de tíquete médio mais baixo -, novos serviços, como fintech, logística - como a recém-criada Magalog -, fulfillment, ads e tecnologia (cloud).

“Vamos crescer e dar lucro independente da taxa Selic. Diluímos despesas financeiras no último trimestre e vamos buscar crescimento sustentável, com margem, com rentabilidade, com novas fontes de receitas”, resumiu o executivo-chefe financeiro do Magalu.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.