De Rolex e Havaianas: localização e segurança atraem ricos a cidades vizinhas a BC

Destinos como Balneário Piçarras e Penha, no litoral norte catarinense, experimentam expansão e valorização de imóveis na esteira do hype de Balneário Camboriú. Maicon Oliveira, sócio da incorporadora Vetter, conta sobre o avanço desse mercado

Empreendimento Dolphin Bay, da Vetter, em Penha (SC)
23 de Junho, 2025 | 10:58 AM

Bloomberg Línea — O litoral de Santa Catarina se tornou nos últimos anos um destino de ricos e ultrarricos, com Balneário Camboriú como principal atração.

Conhecida pelos prédios de luxo com mais de 200 metros de altura que deram à cidade o apelido de “Dubai brasileira”, a cidade tem empreendimentos que custam dezenas de milhares de reais por metro quadrado.

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Com uma orla considerada pequena, de apenas seis quilômetros de extensão, Balneário Camboriú tem derrubado prédios antigos para dar lugar a novos empreendimentos à beira-mar.

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A expectativa de incorporadores e construtores da região é que o apetite dos ultrarricos pela região valorize não apenas as cidades vizinhas, como a ascendente Itapema, mas também outros pontos do litoral catarinense.

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De olho nesse movimento, a incorporadora Vetter tem investido para consolidar o mercado nas cidades de Balneário Piçarras e Penha, pouco mais de 30 quilômetros ao norte da vizinha mais famosa.

“Nessas cidades, estamos agora no mesmo ponto [de desenvolvimento] em que Balneário Camboriú estava há 20 anos”, afirmou Maicon Oliveira, sócio e co-fundador da Vetter Empreendimentos, em entrevista à Bloomberg Línea.

Em seu início, em 2011, a Vetter teve como foco edifícios de médio padrão na cidade de Blumenau, no interior do estado. A ida para o litoral do estado, três anos depois, representou uma virada no porte da empresa, que buscava maior rentabilidade e encontrou na beira-mar um potencial de dar escala à operação.

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“Toda cidade de moradia tem um crescimento do mercado imobiliário que acompanha, em média, o PIB – um crescimento orgânico e lento. No litoral é diferente, porque vendemos imóveis de veraneio para todo o Brasil”, disse. A empresa estima que cerca de 90% dos clientes sejam de fora do município.

A virada de chave permitiu à Vetter um crescimento de 20% a 25% ao ano em valor geral de vendas (VGV). A estimativa é alcançar R$ 630 milhões em VGV em 2025 e bater a meta de R$ 700 milhões no ano que vem.

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Oliveira disse enxergar o sucesso da região apoiado em dois pilares.

O primeiro é a proximidade com centros empresariais do Sul do país e o acesso relativamente fácil para os grandes pólos do agronegócio no Centro-Oeste, razão que leva muitos empresários e produtores a escolherem o litoral catarinense como destino de férias.

Havaianas e Rolex

Outro fator de atração é a percepção de maior segurança pública em comparação a destinos turísticos mais tradicionais de praia, como Rio de Janeiro e grande parte das capitais do Nordeste – Santa Catarina é o estado menos violento do país segundo o Atlas da Violência 2025.

“Aqui é possível ir à praia de Havaianas no pé e Rolex no braço. Isso não é possível em nenhum outro lugar do Brasil, mas, no litoral catarinense, o empresário se sente seguro para ter esse lifestyle”, disse.

Por outro lado, os “espigões” que são a marca registrada de BC - como Balneário Camboriú é chamada - não devem ser replicados no litoral norte.

“Tanto Balneário Piçarras quanto Penha têm planos diretores mais conservadores e não permitem construções muito altas na orla da praia. O que vamos ter de similar é a valorização imobiliária”, disse o executivo.

Os apartamentos da Vetter custam de R$ 12.000 a R$ 20.000 o metro quadrado. Os valores ainda ficam muito abaixo dos praticados em projetos novos em Balneário Camboriú, mas já se aproximam - na faixa mais alta - do preço cobrado por empreendimentos de alto padrão em São Paulo, maior cidade do país.

Em Penha, há o atrativo extra do parque Beto Carrero, localizado na cidade. Oliveira projeta que a infraestrutura mais nova das áreas de atuação da Vetter pode ser um atrativo para balancear a falta dos “espigões”.

“É uma região que vem crescendo com mais organização, com estradas e ruas novas, um pouco mais largas, com tratamento de esgoto e água limpa na praia. Acho que, no futuro, será até mais valorizada que Balneário Camboriú“, arriscou prever.

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Beatriz Quesada

Jornalista especializada na cobertura econômica. Formada pela USP, escreve sobre mercados, negócios e setor imobiliário. Tem passagens por Exame, Capital Aberto e BandNews FM.