Ibovespa fecha em queda com recuo da B3 e de bancos; dólar sobe a R$ 5,54

Investidores reagiram nesta segunda ao relatório de receitas e despesas do governo e às perspectivas de aumento da Selic; Santos Brasil avança 16,4%

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23 de Setembro, 2024 | 05:53 PM

Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) fechou em queda de 0,38%, aos 130.568 pontos, nesta segunda-feira (23), na contramão dos mercados no exterior, influenciado principalmente pelo recuo das ações do setor financeiro.

Investidores reagiram nesta segunda ao relatório bimestral de receitas e despesas, divulgado após o fechamento na sexta-feira, que indicou uma redução na contenção de gastos pelo governo para R$ 13,3 bilhões, revertendo parte das medidas de contingência.

A preocupação com a política fiscal segue no radar de investidores diante de dúvidas sobre a capacidade de o governo cumprir a meta de zerar o déficit primário.

O dólar (USDBRL) subiu 0,49%, a R$ 5,54, depois de avançar até R$ 5,60 na máxima do dia, durante a abertura.

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Pela manhã, o Relatório Focus, Banco Central, mostrou um aumento das projeções para a Selic depois de o Copom elevar a taxa de juros de referência em 0,25 ponto percentual, a 10,75% ao ano, na semana passada.

Instituições financeiras consultadas pelo BC passaram a prever que a Selic deve encerrar o ano em 11,50%, ante 11,25% no relatório da semana anterior. Para 2025, a estimativa foi mantida em 10,50%.

As projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2024 subiram pela décima semana seguida. Economistas agora veem alta de 4,37%, acima dos 4,35% projetados anteriormente. Para 2025, a estimativa subiu de 3,95% para 3,97%.

A queda do Ibovespa foi puxada principalmente por ações da B3 (B3SA3), que recuaram 3,45%. Entre os bancos, o Bradesco (BBDC4) foi a principal influência negativa em volume, com perda de 2,58%, seguido do Itaú Unibanco (ITUB4), que caiu 0,58%.

O Santander Brasil (SANB11) e o BTG Pactual (BPAC11) tiveram perdas de 2,17% e 1,62%, respectivamente.

A Petrobras (PETR3; PETR4) e a Vale (VALE3) encerraram com ganhos, evitando perdas maiores do Ibovespa.

Destaque ainda para a Santos Brasil (STBP3), que subiu 16,44% e liderou entre as maiores altas do dia. A companhia informou ao mercado na noite de domingo que o banco Opportunity acertou a venda de sua participação de 47,55% na Santos Brasil para o grupo francês CMA CGM por R$ 6,33 bilhões.

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O valor a ser pago é equivalente a R$ 15,30 por ação, o que implica um prêmio de 20,4% sobre o fechamento na sexta-feira (20) na B3, de R$ 12,71.

O CMA CGM, um dos maiores grupos de atuação no setor de transporte marítimo e de logística no mundo, com presença em 160 países e com 160 mil funcionários, vai realizar uma oferta pública de aquisição pelas demais ações da Santos Brasil, nas mesmas condições do Opportunity.

A empresa é também o terceiro maior operador portuário de contêiner do mercado global, segundo as informações no comunicado.

Estados Unidos

Em Nova York, os índices de ações tiveram um leve ganho enquanto os investidores analisavam declarações de autoridades do Federal Reserve sobre a perspectiva de novos cortes na taxa de juros.

Os operadores do mercado de juros apostam que a taxa deve cair quase 0,75 ponto até o final do ano, sugerindo pelo menos mais um corte mais amplo na taxa de juros.

Tanto Wall Street quanto os formuladores de política monetária agora aguardam dados de emprego para obter mais pistas sobre a direção da economia.

O presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, disse que, com a inflação se aproximando da meta do banco central, o foco deve se voltar para o mercado de trabalho e “isso provavelmente significa muitos mais cortes de juros ao longo do próximo ano”.

Neel Kashkari, do Fed de Minneapolis, também apontou fraqueza no mercado de trabalho, apoiando a redução das taxas de juros em mais meio ponto percentual até o final do ano.

Seu colega do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, adotou uma postura moderada. Iniciar o ciclo de corte do banco central com um grande passo ajudaria a trazer as taxas de juros para níveis mais neutros, mas os funcionários não devem se comprometer com um ritmo de movimentos exagerados, segundo Bostic.

Ainda esta semana, os investidores receberão dados sobre a métrica de preços preferida do Fed e dados sobre os gastos pessoais nos EUA, que serão divulgados na sexta-feira.

Nesta segunda, dados que mostram que a atividade empresarial dos EUA está robusta, mesmo com o crescimento moderado, alimentaram a confiança de que a maior economia do mundo pode conseguir um pouso suave.

A atividade empresarial dos EUA expandiu-se em um ritmo ligeiramente mais lento no início de setembro, enquanto as expectativas pioraram e um indicador de preços recebidos subiu para o maior nível em seis meses.

- Com informações da Bloomberg News