Apesar de rali, gestores da América Latina mantêm planos de alocação em ações

Pesquisa mensal do Bank of America com gestores da América Latina destaca ainda o potencial impacto para as ações de mudanças nas regras de Juros sobre o Capital Próprio (JCP)

A monitor displays an S&P 500 chart on the floor of the New York Stock Exchange (NYSE) in New York, U.S., on Wednesday, Dec. 19, 2018. U.S. stocks careened to a 15-month low after Jerome Powell failed to quell investor angst that the Federal Reserve's tightening policy will throttle economic growth. Photographer: Michael Nagle/Bloomberg
19 de Dezembro, 2023 | 03:28 PM

Bloomberg Línea — Os gestores estão mais otimistas com o desempenho das ações brasileiras nos próximos meses, em um cenário de flexibilização monetária e melhora das condições externas, e, apesar do rali recente, eles ainda mantêm os planos de alocações nos ativos.

Levantamento do Bank of America (BofA) mostra que 48% dos gestores da América Latina veem o principal índice de ações da bolsa brasileira negociado acima dos 140.000 pontos ao fim de 2024, um aumento considerável em relação aos 16% da edição anterior da pesquisa, de novembro.

O movimento implicaria potencial de alta (upside) de 6,8% em relação ao fechamento da bolsa na segunda-feira (18).

Há casas ainda mais construtivas com o índice. O Santander (SANB11), por exemplo, prevê que o Ibovespa deverá encerrar 2024 aos 160.000 pontos, desde que se mantenha o ciclo de corte de juros e que a economia dos Estados Unidos tenha um “pouso suave”.

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Do total de gestores participantes, 51% planejam ampliar a alocação em ações nos próximos seis meses - resultado similar ao da pesquisa anterior. Apenas 16%, contudo, têm adotado mais risco do que o normal em suas carteiras, segundo o BofA.

Na avaliação dos investidores consultados pelo BofA, as mudanças nas regras de Juros sobre o Capital Próprio (JCP) podem levar a um impacto limitado, de até 10% no lucro por ação de empresas do setor financeiro e não-financeiro, com a grande maioria já vendo as alterações refletidas nos valuations dos bancos.

Com relação à reforma tributária, que foi aprovada pelo Congresso nesta semana, o maior impacto negativo sobre o lucro poderá ser sentido em empresas de consumo discricionário, segundo 35% dos entrevistados, seguidas pelas de bens de consumo (13%).

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As posições mais construtivas para a bolsa brasileira acompanham uma queda nas projeções para a taxa Selic. A maior parte dos entrevistados (51%) vê a taxa básica em 9% ao fim deste ciclo. Em novembro, apenas 16% projetavam a Selic nesse patamar, com as maiores apostas recaindo sobre o intervalo de 9,25% a 10,00% ao ano.

Já para o câmbio, a maior parte dos participantes estima o dólar entre R$ 4,81 e R$ 5,10 ao fim de 2024.

O relatório Focus, do Banco Central, mais recente aponta para dólar a R$ 5,00 e Selic de 9,25% a.a. em dezembro de 2024.

Riscos para a América Latina

Assim como em novembro, o maior risco para a região, segundo os gestores consultados, são as taxas de juros mais altas nos Estados Unidos, seguidas por uma desaceleração da economia americana.

As maiores posições overweight (acima da média do mercado, equivalente a compra) estão nos setores financeiro, de utilities e consumo discricionário.

Participaram da edição de dezembro da pesquisa “Latam Fund Manager Survey” do Bank of America 31 gestores que somam cerca de US$ 72 bilhões em ativos sob gestão.

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Mariana d'Ávila

Editora assistente na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero, especializada em investimentos e finanças pessoais e com passagem pela redação do InfoMoney.