Milei prepara pacote de choque econômico na Argentina no 1º dia do mandato

Presidente eleito pretende “resolver os problemas do banco central” e “parar a impressão de dinheiro”. Em seguida, ideia é unificar taxas de câmbio

Javier Milei, candidato a Presidente por La Libertad Avanza
Por Manuela Tobías
27 de Novembro, 2023 | 03:45 PM

Bloomberg — O presidente eleito Javier Milei planeja convocar o Congresso para uma sessão extraordinária e enviar um grande pacote de reformas para estabilizar a economia da Argentina em 11 de dezembro, um dia após sua posse.

“Isto é urgente,” disse em entrevista transmitida no domingo pela LN+ TV, acrescentando que a Argentina não pode esperar pelo início usual das sessões do Congresso em março.

“Resolver os problemas do banco central o mais rápido possível” e parar a impressão de dinheiro que causa inflação estão entre as questões urgentes que ele pretende abordar com os legisladores, disse.

Depois que seu governo colocar as finanças públicas e o balanço do banco central em ordem, será capaz de começar a suspender os controles de capital e unificar as diversas taxas de câmbio do país, disse Milei, reiterando que nunca prometeu fechar o banco central no primeiro dia. 

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A reação positiva do mercado à vitória de Milei no segundo turno em 19 de novembro, evidenciada por uma alta nos títulos soberanos e na dívida da YPF, encorajou o economista libertário a prosseguir com sua agenda de “terapia de choque” de ajuste fiscal.

“Isto nos deu mais força para redobrar nossas apostas a favor da ordem fiscal,” disse, acrescentando que o mercado interpretou “à perfeição” os sinais enviados por seu futuro governo.

“Se os mercados financeiros nos acompanharem e as taxas de juros caírem, isto será doloroso, mas muito menos doloroso,” disse ele sobre o impacto dos cortes de gastos propostos por seu governo - uma preocupação chave em um país onde mais de 40% da população vive abaixo da linha da pobreza.

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Primeira viagem ao exterior

Milei gravou sua entrevista antes de partir para os EUA, a primeira vez que deixa o país desde sua vitória eleitoral. O presidente eleito se encontrará primeiro com um rabino em Nova York, como parte de uma viagem “espiritual” para agradecer por sua vitória. Na sexta-feira, ele recebeu a bênção de outro rabino na Argentina.

Depois Milei segue para Washington para se encontrar com autoridades do Tesouro, da Casa Branca e do Fundo Monetário Internacional. Luis Caputo, ex-presidente do banco central que lidera sua equipe de transição econômica, está acompanhando-o.

“Não há melhor especialista financeiro na Argentina,” disse Milei na entrevista, acrescentando que Caputo teve uma reunião com 20 banqueiros “e todos saíram felizes.”

Milei disse que está pedindo o adiamento dos pagamentos da dívida da Argentina ao FMI “para colocar nos trilhos um acordo muito danificado.” O programa de US$ 43 bilhões com o Fundo, assim como as questões fiscais, monetárias e cambiais da Argentina, foram discutidos durante uma teleconferência de uma hora com a diretora-gerente Kristalina Georgieva, disse ele.

“Minha prioridade hoje é evitar a hiperinflação,” disse Milei na entrevista, acrescentando que utilizaria todas as ferramentas à sua disposição para oferecer uma solução.

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