Bloomberg — Altos funcionários dos EUA se preparam para a possibilidade de um ataque ao Irã nos próximos dias, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto que falaram com a Bloomberg News, dado que Israel e a República Islâmica continuam a trocar ataques com mísseis.
Algumas das autoridades apontaram para possíveis planos de um ataque no fim de semana. Os principais líderes de algumas agências federais começaram a se preparar para um ataque, disse uma pessoa.
Na quinta-feira (19), um míssil do Irã atingiu um hospital israelense pela primeira vez desde o início da guerra, há quase uma semana, um lembrete dos riscos para os civis dos dois países.
O Ministério da Saúde de Israel disse que houve uma série de ferimentos leves no incidente no Soroka Medical Center, no sul do país.
Israel cobrará “o preço total” da administração iraniana pelo ataque, disse o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Há dias, o presidente dos EUA, Donald Trump, vem cogitando publicamente a possibilidade de se juntar aos ataques de Israel contra o Irã, uma medida que aumentaria o conflito no Oriente Médio, região fundamental para o fornecimento de petróleo no mundo.
A situação está evoluindo e pode mudar, disseram as pessoas, que pediram anonimato para discutir conversas privadas.
Leia mais: Por que bombardear o Irã não é garantia do fim do programa nuclear do país
Israel disse que aumentaria os ataques contra alvos estratégicos e governamentais iranianos, “a fim de eliminar as ameaças ao Estado de Israel e minar o regime iraniano”, disse o ministro da Defesa, Israel Katz.
“Khamenei será responsabilizado”, acrescentou, mencionando diretamente o líder supremo do Irã, o Aiatolá Ali Khamenei.
Os comentários indicam uma ampliação do objetivo de guerra de Israel para além da destruição do programa nuclear do Irã, e a campanha do país não deu sinais de abrandamento.
Jatos atingiram dezenas de alvos militares no Irã durante a noite, incluindo um reator nuclear inativo na área de Arak.
Há muito tempo, Arak tem sido o foco do escrutínio internacional devido ao seu papel potencial na produção de plutônio, que poderia ser usado na produção futura de armas nucleares, caso fossem desenvolvidos recursos de reprocessamento.
A área da região de Arak-Khondab, situada no centro do Irã, é estrategicamente importante, pois abriga algumas das infraestruturas atômicas mais importantes do país.
Os esforços para conter a escalada do conflito continuam, enquanto os EUA avaliam suas opções.
Anwar Gargash, conselheiro diplomático do presidente dos Emirados Árabes Unidos, disse em post no X que a guerra entre Irã e Israel marca “um momento crucial com consequências de longo alcance para ambas as nações e para a região”. Ele pediu o fim das hostilidades e o retorno ao diálogo.
‘Talvez ataque, talvez não ataque’
Trump disse a jornalistas na Casa Branca na quarta-feira (18) que tem “ideias sobre o que fazer” e que prefere tomar a “decisão final um segundo antes do momento certo” porque a situação no Oriente Médio é fluída.
Algumas horas antes, Trump havia dito: “Talvez eu faça isso. Talvez não o faça”, quando questionado se estava mais próximo de atacar o Irã.
Um funcionário da Casa Branca disse que todas as opções permanecem sobre a mesa.
Leia mais: Por que uma guerra Israel-Irã pode não abalar o mercado de petróleo como se teme
A abertura do presidente para a guerra é uma reviravolta em relação aos seus comentários públicos de uma semana atrás, quando pediu negociações diplomáticas para chegar a um acordo de desarmamento nuclear com o Irã.
Esperar alguns dias para atacar dá aos líderes iranianos uma pista adicional para demonstrar a Trump que estão dispostos a abrir mão de algumas capacidades de enriquecimento de urânio para impedir uma ofensiva dos EUA.
Irã nega busca por armas nucleares
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, disse em um post nas redes sociais na quarta-feira que seu país continua “comprometido com a diplomacia” e nunca buscou e nunca buscará armas nucleares.
Os ministros das Relações Exteriores de Reino Unido, França e Alemanha planejam manter conversas sobre o tema nuclear com seu colega iraniano na sexta-feira (20) em Genebra, de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto.
A retórica de Trump mudou significativamente nos últimos dias, pois os aliados o convenceram de que o Irã está próximo de obter uma arma nuclear.
O senador Lindsey Graham, da Carolina do Sul, tem sido uma voz central que pede ao presidente que considere uma ação militar, de acordo com pessoas familiarizadas com as discussões. Trump teve várias ligações com Graham, disseram as pessoas.
“Ele [Trump] deu a eles uma chance de diplomacia. Acho que eles cometeram um erro de cálculo”, disse Graham sobre o Irã na quarta-feira. “Quanto mais cedo acabarmos com essa ameaça à humanidade, melhor.”
Guerras no exterior
Durante anos, Trump pediu que os EUA não se envolvessem em conflitos estrangeiros e fez campanha com a mensagem de que evitaria outra guerra mundial e se concentraria em questões domésticas.
Trump disse que incentivou Netanyahu a “continuar” com suas operações ofensivas, acrescentando que não deu ao premiê israelense nenhuma indicação de que as forças dos EUA participariam dos ataques.
Desde o início dos ataques de Israel, o Irã disparou 400 mísseis balísticos e centenas de drones contra Israel, matando 24 pessoas e ferindo mais de 800, de acordo com o governo israelense. Pelo menos 224 iranianos foram mortos pelos ataques de Israel.
-- Com a colaboração de Jamie Tarabay, Jennifer A. Dlouhy, Shikhar Balwani, Eltaf Najafizada e Alisa Odenheimer.
Veja mais em bloomberg.com
©2025 Bloomberg L.P.