Por que o plano de refinanciamento do Tesouro dos EUA virou evento-chave no mercado

Plano trimestral revelará até que ponto o Tesouro americano pretende aumentar a emissão de dívida para financiar o déficit crescente das contas públicas

Federal Reserve Headquarters As Fed Officials Foreshadow A Hawkish Powell Speech
Por Liz Capo McCormick
30 de Outubro, 2023 | 12:18 PM

Bloomberg — A decisão de juros do Federal Reserve nesta quarta-feira (1º) deve ficar em segundo plano para investidores, com o mercado mais focado no novo plano de financiamento do Tesouro americano.

O plano trimestral revelará até que ponto o Tesouro dos Estados Unidos pretende aumentar a emissão de dívida de longo prazo para financiar o déficit crescente das contas públicas do país. As taxas que os investidores cobram para tomar os títulos longos do governo sobem há semanas, mesmo em meio a sinais de que o Fed já terminou seu ciclo de alta, ou está quase lá.

Os yields atingiram os níveis mais elevados desde antes da crise financeira global de 2008, e ficou mais caro para o governo emitir dívida de longo prazo. Os investidores estão ansiosos para ver se as autoridades manterão o ritmo de aumento da oferta de Treasuries.

“O mercado está realmente hiperfocado na oferta agora, e já sabemos que o Fed está em compasso de espera”, disse em entrevista Angelo Manolatos, estrategista do Wells Fargo Securities.

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Por isso, acrescentou, o plano de financiamento do Tesouro americano será “um evento maior que o Fomc”, como é conhecido o Comitê Federal do Mercado Aberto, que define a taxa básica do Fed.

Muitas corretoras de títulos nos EUA estimam um aumento de emissões para US$ 114 bilhões, ante US$ 103 bilhões no plano trimestral anterior, mantendo o mesmo ritmo de expansão para cada prazo.

Mas várias grandes corretoras esperam um aumento menor na dívida de longo prazo, e mais emissão de notas de um ano ou menos, por conta da alta dos custos.

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“A composição das emissões do Tesouro pode ser muito significativa e relevante” para o mercado, disse Subadra Rajappa, chefe de estratégia de taxas para EUA do Société Générale. Quanto ao outro evento de quarta-feira, será uma espécie de reunião de rotina para o Fed, disse ela.

Até o presidente do Fed, Jerome Powell, que já foi funcionário do Tesouro, deve ficar de olho nas reações dos investidores ao plano de financiamento.

Ele e outros dirigentes do BC americano, como a presidente regional de Dallas, Lorie Logan, que já foi chefe de operações de mercado do Fed, disseram que a alta dos yields de longo prazo pode diminuir a necessidade de aumentar a taxa básica.

A taxa do Treasury de 10 anos, que ultrapassou 5% na semana passada, está em cerca de 4,9%, comparado a menos de 3,5% no início de maio. O yield de 30 anos chegou a quase 5,2% na semana passado.

Embora a secretária do Tesouro, Janet Yellen, na quinta-feira (26) tenha rejeitado a ideia de que os yields dispararam, pelo menos em parte, por causa do aumento do endividamento federal, Powell disse neste mês que isso seria um dos possíveis fatores.

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