Bloomberg — Bombardeiros B-2 com tecnologia stealth decolaram dos Estados Unidos e se dirigiram para o Pacífico, segundo vários meios de comunicação, enquanto o presidente Donald Trump avalia o envolvimento americano na guerra entre Israel e o Irã.
Os movimentos, detectados por serviços de rastreamento de voos neste sábado (21), indicam que o governo está colocando os bombardeiros da Força Aérea em posição, se necessário, para um ataque ao Irã, informou o Wall Street Journal.
Os aviões, acompanhados por aviões-tanque de reabastecimento, podem estar a caminho de uma base em Guam, de acordo com a reportagem.
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As especulações sobre um possível ataque dos Estados Unidos contra o programa nuclear iraniano se concentraram nos B-2s, que seriam necessários para lançar bombas de quase 14 toneladas - os chamados bunker busters - se Trump decidisse atacar o local de enriquecimento de urânio fortemente fortificado do Irã em Fordow.
Israel, que tenta destruir a capacidade nuclear do Irã, não possui essas armas.
Vários B-2s pareciam estar no ar e se dirigindo para o outro lado do Pacífico a partir da Base da Força Aérea de Whiteman, no Missouri, informou o New York Times.
O jornal americano citou publicações de rastreadores de voo nas mídias sociais e comunicações de controle de tráfego aéreo.
O Pentágono e a Casa Branca não responderam imediatamente às mensagens pedindo comentários.
Trump está programado para retornar à Casa Branca no sábado e se reunir com sua equipe de segurança nacional.
O presidente dos Estados Unidos enviou sinais contraditórios, desconsiderando os esforços europeus para garantir uma solução diplomática entre Israel e o Irã e, ao mesmo tempo, mantendo em pauta um possível envolvimento dos Estados Unidos no conflito.
“Estou dando a eles um período de tempo”, disse Trump a repórteres na sexta-feira (20). “Eu diria que duas semanas seria o máximo”.
Novos ataques
Israel e Irã lançaram novos ataques no início de uma segunda semana de hostilidades.
Jatos israelenses atacaram Isfahan no Irã pela segunda vez, mirando uma seção de produção de centrífugas, disse as Forças de Defesa de Israel (FDI).
Não houve vazamentos de material perigoso, relatou a agência semi-oficial Fars News do Irã.
Jatos israelenses mais tarde no sábado miraram infraestrutura militar no sudoeste do Irã. As FDI disseram anteriormente que haviam identificado mísseis lançados do Irã e estavam trabalhando para interceptá-los.
O Ministro da Defesa israelense Israel Katz disse que Saeed Izadi, que liderava parte do braço estrangeiro do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (CGRI) ligado ao financiamento e armamento do Hamas em Gaza, foi morto na cidade iraniana de Qom.
Behnam Shahriyari, outro membro da CGRI ligado ao fornecimento ao Hezbollah do Líbano e outras milícias, também foi morto, junto com um terceiro comandante, segundo um oficial militar israelense.
Separadamente, os militantes Houthi do Iêmen disseram que irão mirar embarcações e navios de guerra americanos no Mar Vermelho se os EUA se envolverem para apoiar o ataque israelense ao Irã, segundo uma declaração publicada na conta oficial do Telegram de um porta-voz Houthi.
O presidente francês Emmanuel Macron, em uma postagem no X no sábado, disse que falou com seu homólogo iraniano Masoud Pezeshkian e que aceleraria as negociações. Macron também reiterou sua posição sobre o programa nuclear do Irã, dizendo que o Irã precisava “fornecer garantias plenas de que suas intenções são pacíficas.”
O Ministro das Relações Exteriores iraniano Abbas Araghchi disse que o Irã está pronto para realizar outra reunião com os europeus em um futuro próximo, relatou a agência de notícias estatal IRNA.
Nenhuma reunião de acompanhamento foi ainda agendada e não houve acordo sobre onde ou em que formato tais conversas ocorreriam, segundo um oficial europeu.
As propostas feitas pelos europeus eram irrealistas, citou a Reuters um oficial iraniano não identificado.
A agência de notícias Mizan do judiciário iraniano relatou no sábado que 430 pessoas foram mortas e mais de 3.500 feridas desde que a guerra começou em 13 de junho. Em Israel, pelo menos 24 pessoas foram mortas e centenas feridas, relatou a Associated Press.
Araghchi estava em Istambul no sábado para participar de uma cúpula da Organização de Cooperação Islâmica, segundo a TV estatal. Ele também está programado para se reunir com o presidente turco Recep Tayyip Erdoğan à margem do evento.
“Israel está arrastando nossa região para a instabilidade com o apoio das potências ocidentais”, disse Erdoğan à cúpula.
Participação americana
A maioria dos especialistas diz que um ataque bem-sucedido contra o local subterrâneo de enriquecimento nuclear em Fordow exigiria participação americana, já que Israel não tem o tipo de munições — como as bombas bunker-buster mais poderosas — com a capacidade de penetrar tão profundamente no subsolo.
Mas há um debate sobre a questão, com alguns alegando que Israel tem as ferramentas necessárias.
Trump repetiu sua crença declarada de que o Irã estava a semanas de conseguir uma bomba nuclear quando Israel atacou, e novamente descartou descobertas da inteligência americana de que a liderança iraniana não estava buscando fazer isso. Ele deve participar de uma reunião de segurança nacional novamente no sábado.
Enquanto alguns argumentam que a participação americana encurtaria a guerra eliminando Fordow rapidamente, outros dizem que escalaria o conflito e arriscaria espalhá-lo para a região mais ampla, incluindo estados vizinhos do Golfo.
“Esta guerra vai contra a ordem regional que os países do Golfo querem construir, que está focada na prosperidade regional”, disse Anwar Gargash, um conselheiro diplomático sênior do presidente dos Emirados Árabes Unidos, a repórteres em um briefing na sexta-feira. “Há muitas questões na região, se escolhermos abordar tudo com um martelo, nada ficará intacto.”
-- Com a colaboração de María Paula Mijares Torres, Akayla Gardner, Abeer Abu Omar, Eltaf Najafizada, Sara Gharaibeh e Ethan Bronner
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