Com tantas críticas ao ESG, este ex-banqueiro sugere repaginar o conceito

Alex Edmans argumenta que a sustentabilidade está relacionada à criação de valor a longo prazo e ênfase nos resultados, não nos rótulos

Em seu artigo, Alex Edmans apresenta dez razões para o uso do termo sustentabilidade racional
Por Saijel Kishan
11 de Fevereiro, 2024 | 09:10 AM

Bloomberg — Com o ESG sendo alvo de críticas, um banqueiro do Morgan Stanley (MS) que se tornou professor de finanças disse que finalmente chegou a hora de repaginar essas três letras que causam grandes divisões.

O ESG se tornou tão politizado que agora impede o pensamento lúcido, disse Alex Edmans, que leciona na London Business School. Em vez disso, ele está propondo o termo “sustentabilidade racional”. Pode ser insípido, disse ele, mas a sustentabilidade tem a ver com a produção de valor a longo prazo – e isso é difícil de politizar.

“Os defensores e críticos ficaram tão envolvidos em aplaudir e criticar o ESG, ou em marcar pontos contra o outro lado, que perderam de vista o objetivo comum de criar valor de longo prazo”, escreveu ele em um artigo de 20 de janeiro.

Segundo ele, é hora de voltar ao básico e se aproximar da intenção original dos funcionários das Nações Unidas que criaram o movimento ambiental, social e de governança há cerca de duas décadas.

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Edmans destaca que a “sustentabilidade racional” considera todos os fatores que criam valor, independentemente de estarem ou não sob o rótulo de ESG, e desconta os fatores de ESG que não são relevantes, com base em evidências e análises e foco em determinar, em última instância, quais empresas são realmente sustentáveis.

De fato, isso evita que as empresas sejam apanhadas em “bolhas irracionais de sustentabilidade”, disse ele.

O artigo de Edmans foi publicado depois que os investidores retiraram um montante recorde de dinheiro dos fundos de investimento sustentável dos Estados Unidos em 2023.

Nos EUA, o ESG tem enfrentado anos de reações adversas cada vez mais intensas por parte de políticos republicanos que agem em nome do setor de combustíveis fósseis, com legisladores estaduais em New Hampshire buscando até mesmo criminalizar a estratégia.

O CEO da BlackRock, Larry Fink, que já foi um grande defensor do ESG, disse no ano passado que havia parado de usar o rótulo porque ele se tornou muito politizado.

O fato é que o ESG está “sob ataque de todos os lados”, escreveu Edmans. O ESG começou com muitas promessas e boas intenções, mas fracassou por causa de “verdadeiros crentes que a implementaram ingenuamente, adversários fervorosos que se opuseram cegamente e oportunistas que o exploraram por interesse próprio”, disse.

Durante a maior parte dos últimos dez anos, os gestores de ativos consideraram o ESG como uma forma de ganhar dinheiro vendendo um grande número de fundos, e as empresas o utilizaram para cortejar “capital, clientes e colegas, divulgando suas credenciais de ESG”, disse ele. E então começou o ataque político.

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Em seu artigo, Edmans apresenta dez razões para o uso do termo sustentabilidade racional. Entre elas estão o foco no longo prazo e a ênfase nos resultados, e não nos rótulos.

A sustentabilidade racional é “uma questão de criação de valor, não de política”, escreveu. Ela não deve ser controversa para ninguém, independentemente de seu cargo, tendência política ou idade, disse Edmans. Por outro lado, atualmente o ESG é visto como sendo de interesse apenas dos executivos de ESG e dos mais jovens, disse ele.

Edmans, que também é doutor em finanças pelo MIT Sloan como bolsista da Fulbright, disse que critica a forma como os fundos ESG atraíram dinheiro mesmo quando isso não se justificava pelo desempenho de seus investimentos.

No entanto, ele rejeita o ponto de vista de que a consideração de fatores ESG é inconsistente com o dever fiduciário. É ilógico, porque o investimento cuidadoso é uma parte essencial desse dever, afirmou.

“Se você é um fundo de pensão e está considerando o risco ESG, está se certificando de que não está investindo em empresas que desaparecerão”, disse Edmans em uma entrevista.

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