Renner fecha loja em ponto histórico de Porto Alegre e cita fluxo de clientes

Rede varejista tem fechado unidades deficitárias em busca de melhorar geração de caixa e rentabilidade, segundo analistas; no 1º trimestre, 20 lojas foram fechadas

Rede varejista tem privilegiado pontos como os que ficam em shoppings (Foto: Marcos Gouvea)
20 de Junho, 2023 | 05:15 AM
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Bloomberg — A crise do varejo físico no Brasil continua a levar ao fechamento de lojas consideradas históricas. Depois de a Casas Bahia, da Via (VIIA3), desistir da unidade que funcionava na antiga sede do Mappin no centro de São Paulo, a Lojas Renner (LREN3) decidiu fechar sua filial em um ponto emblemático do centro de Porto Alegre.

A Renner vai deixar o prédio histórico que já abrigou a Livraria do Globo, na rua dos Andradas (Rua da Praia), na capital gaúcha. A unidade vai baixar as portas no próximo dia 13 de julho, informou o Jornal do Comércio nesta segunda-feira (19). Procurada pela Bloomberg Línea, a varejista confirmou a notícia.

“A companhia entende que as aberturas e os fechamentos são movimentos naturais do varejo e segue fazendo uma análise do desempenho de suas operações, como sempre fez, agora levando em conta o fluxo de clientes pós-pandemia”, disse a Renner na mensagem.

Segundo analistas, esse movimento das varejistas busca reduzir custos, privilegiar lugares com maior circulação, como shopping centers, e descartar unidades deficitárias.

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A varejista gaúcha não descartou novos ajustes. “Daqui para frente, pode haver fechamentos pontuais, dentro da normalidade. Da mesma forma, estamos retomando o volume de inaugurações de lojas. O plano de expansão para este ano prevê abrir cerca de 40 unidades, levando em conta todas as marcas da empresa”, disse a Renner na nota, em referência às marcas Camicado, Youcom e Ashua.

A administração da Renner já havia indicado a possibilidade de novos fechamentos pontuais de lojas neste ano durante o Investor Day, no mês passado.

Em relatório recente sobre a empresa, analistas do banco norte-americano Goldman Sachs alertaram para a geração de caixa cada vez mais fraca com as maiores despesas financeiras, devido ao patamar de juros elevados no país, à maior competição no varejo, principalmente com plataformas asiáticas como a Shein, e um nível de consumo ainda contido no ambiente macroeconômico desfavorável.

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“Esperamos que os investidores prossigam focados na melhor compreensão do que a companhia pode fazer para melhorar sua proposta de valor, especialmente no formato de sua bandeira principal, a Renner, a fim de retornar à sua rota anterior de uma clara consolidação de participação de mercado”, escreveram.

No Investor Day, a Renner confirmou o fechamento de 20 lojas no primeiro trimestre. Por outro lado, o grupo do varejo de vestuário abriu cinco unidades no mês passado, indicando uma estratégia de buscar pontos de maior frequência de consumidores, menor custo de aluguel e novas geografias.

Já o Itaú BBA destacou, em relatório de maio, as novas projeções da varejista para seu desempenho operacional, como aumento de receita com a operação digital nos próximos cinco anos e redução de custos de transportes da operação digital em dois pontos percentual na comparação com 2019, além da queda no tempo de entrega de produtos.

No ano passado, a companhia levava uma média de oito a nove dias, e a previsão agora é reduzir para três a quatro dias até 2024. A Renner quer aumentar a participação no digital nas suas receitas de 29% para 40% a 41% em 2024, elevando o GMV (volume bruto de mercadorias) para seu marketplace de R$ 75 milhões em 2022 para R$ 180 milhões a R$ 220 milhões em 2025. A participação das vendas pelo WhatsApp deve, segundo a projeção da Renner, crescer de 4,3% em 2022 para 8% a 10% em 2024.

“Vemos essas projeções como aceitáveis e destacamos a rápida melhora das projeções da Lojas Renner para sua rede de fornecimento em 2022, com a companhia visando atingir 100% de distribuição de compra de SKU [mercadorias únicas] até 2023 - o que implicaria melhor giro de estoque e dinâmica de cobrança mais assertiva”, apontou o Itaú BBA no relatório.

As ações da Renner acumulam queda de 14% em 12 meses, enquanto o Ibovespa teve alta de 19% no período.

Nos últimos trimestres, o varejo de moda enfrenta dificuldades de acertar suas coleções, segundo analistas, devido ao clima considerado atípico, com mais frio ou calor que o esperado, o que deixa as lojas com roupas indicadas para o consumidor naquele trimestre.

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Analistas apontaram melhorias de gestão de estoque e escolhas de coleções apropriadas como um dos meios de elevar as vendas, sem prejudicar as margens de lucro com descontos maiores e liquidações antecipadas.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 25 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.