Bradesco tem lucro menor, corta despesas e reduz número de agências no 1º tri

Rede de atendimento encolhe 6,5% em 12 meses e banco reduz gastos com publicidade, a fim de controlar custos e melhorar rentabilidade, pressionada pela inadimplência

Bradesco
04 de Maio, 2023 | 08:20 PM

Bloomberg Línea — O Bradesco (BBDC4) reforçou o controle de custos no primeiro trimestre de 2023, a fim de melhorar sua rentabilidade, pressionada pelo aumento da inadimplência. De janeiro a março, o segundo maior banco privado do Brasil reduziu em 10,5% as despesas administrativas na comparação com o quarto trimestre de 2022. Mesmo assim, a instituição financeira reportou uma queda de 37% no lucro líquido (R$ 4,3 bilhões) em 12 meses.

A rede de atendimento encolheu 6,5% em 12 meses, passando de 8.317 para 7.773 pontos (agências, unidades de negócio e postos de atendimento), redução de 544 unidades. O objetivo de enxugar a estrutura é ser mais eficiente e rentável, aproveitando o avanço dos canais digitais, segundo o balanço. O Bradesco, anunciante relevante da TV aberta, também reduziu gastos em propaganda/publicidade.

Há, no entanto, despesas de pessoal, que tiveram um aumento de 9,6% em 12 meses, reflexo dos efeitos dos acordos coletivos, especialmente dos bancários, que tiveram reajuste de 8% nos salários e 10% nos benefícios a partir de setembro de 2022.

O controle de custos resultou em uma queda de 5,2% nas despesas operacionais do banco em três meses, totalizando R$ 12,8 bilhões no 1º trimestre. Entretando, na comparação com o mesmo período do ano passado, houve um aumento de 9,3%.

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Já o índice de eficiência operacional do Bradesco caiu de 47,7 para 47,1 no intervalo de três meses, mas subiu na comparação anual (era de 43,5 no 1º trimestre de 2022).

Provisões

Com a alta da inadimplência persistindo desde o segundo semestre de 2021, o Bradesco teve de endurecer os critérios para a concessão de crédito e aumentar provisões para devedores duvidosos, como a Americanas (AMER3), que deve R$ 4,8 bilhões ao banco da Cidade de Deus

No trimestre, a inadimplência total da carteira do Bradesco atingiu 4,6% (atrasos entre 15 e 90 dias) e 5,1% (acima de 90 dias).

A inadimplência está concentrada no portfólio massificado de pessoas físicas, micro e pequenas empresas, segmentos que naturalmente sofrem mais em cenários adversos de inflação persistente e juros altos”, informou o banco.

A provisão total sobre a carteira atingiu 9,3%, um aumento de 0,5 ponto percentual em relação aos 8,8% do quarto trimestre.

“No portfólio de grandes empresas a inadimplência acima de 90 dias continua nos menores níveis da série histórica, e o aumento no indicador de 15 a 90 dias está relacionado a clientes Large Corporate 100% provisionados”, observou a instituição.

Segundo o banco, as revisões e ajustes nas políticas de crédito que estão sendo realizados nesse cenário agravado vem trazendo a inadimplência das novas safras para patamares inferiores aos observados atualmente.

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A carteira de crédito expandida caiu 1,4% no trimestre, totalizando R$ 879,3 milhões, mas subiu 5,4% na comparação anual. Já o ROAE (retorno sobre o patrimônio) atingiu 10,6% no primeiro trimestre, um aumento de 6,7 ponto percentual em três meses. Já a receita de prestação de serviços recuou 5,5% em três meses, somando R$ 8,7 bilhões.

O Bradesco diz ver uma melhora gradual da margem financeira com o mercado devido à reprecificação do portfólio, menores despesas com PDD (provisão para devedores duvidosos), assim como menores despesas operacionais - em especial os custos administrativos

“Em 12 meses, a geração de receitas com a margem de clientes, prestação de serviços e operações de seguros absorveu as maiores despesas com PDD em decorrência da inadimplência e o aumento já esperado das despesas operacionais, principalmente pelo efeito do acordo coletivo”, citou o banco.

No ano, a ação do Bradesco acumula queda de 9,4%, acima da perda do Ibovespa no período (7,12%).

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.