Mercado comemora vitória contra a inflação antes da hora, diz Lawrence Summers

Para o ex-secretário do Tesouro dos EUA, uma série de fatores que ajudaram a puxar a inflação americana para baixo podem se reverter

Segundo ele, há uma série de fatores que podem dar novo impulso à inflação
Por Chris Anstey
12 de Fevereiro, 2023 | 09:21 AM

Bloomberg — O ex-secretário do Tesouro americano Lawrence Summers alertou que o mercado comemora a vitória contra a inflação antes da hora e que o Federal Reserve pode precisar estender seu aperto monetário mais do que os investidores imaginam.

“Estamos entrando no que provavelmente será um período turbulento”, disse Summers no programa “Wall Street Week” com David Westin da Bloomberg Television. “Não tenho certeza se estamos em uma trajetória que nos levará a uma inflação de 2% sem mais aumentos de juros do que o mercado está antecipando.”

Summers alertou que uma série de fatores que ajudaram a puxar a inflação americana para baixo podem se reverter. Um sinal desta dinâmica veio dos preços dos carros usados, que subiram 2,5% no mês passado – a maior alta desde o final de 2021, segundo relatório divulgado na terça-feira (7). O preço da gasolina também subiu nos Estados Unidos este ano.

Há uma série de fatores que podem dar novo impulso à inflação, disse Summers, professor de Harvard e colaborador pago da Bloomberg Television. Para a inflação em geral, “reduções adicionais serão mais difíceis” daqui para frente, disse ele.

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Ele também teme que os ralis dos mercados nos últimos meses tenham deixado as condições financeiras mais brandas do que deveriam, devido ao aperto do Fed que ainda está por vir, com uma taxa de inflação ainda alta e uma força persistente do mercado de trabalho.

Os contratos futuros sugerem que os operadores esperam mais dois aumentos de juros do Fed de 0,25 ponto percentual, elevando a taxa de referência para cerca de 5,2%.

O risco é que “este ciclo de aperto não será de apenas mais um, mais dois, mais três aumentos de 0,25 pp, mas algo mais fundamental”, alertou Summers.

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O índice de preços ao consumidor subiu 6,5% no ano até dezembro, bem abaixo do pico de 9,1% em junho, mas ainda longe da meta do BC americano, de 2%. Nesta semana que começa, o governo divulgará o CPI de janeiro, que os economistas estimam em 6,2%.

“O consenso se tornou complacente demais com a inflação”, disse Summers. A taxa de alta dos preços ainda está “em níveis que seriam inimagináveis para a inflação há dois anos”, disse ele.

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