Gestora ativista Elliott Management compra fatia multibilionária da Salesforce

A gestora de fundos de hedge frequentemente pressiona por mudanças estratégicas e busca representação no conselho de companhias

Companhia anunciou no início do mês o corte de cerca de 10% de sua força de trabalho
Por Liana Baker
23 de Janeiro, 2023 | 11:07 AM

Bloomberg — A gestora de fundos de hedge Elliott Investment Management assumiu uma participação ativista substancial na Salesforce (CRM) após a rodada de demissões e um profundo colapso das ações na gigante do software empresarial.

A Elliott, que frequentemente pressiona por mudanças estratégicas e busca representação no conselho de companhias, assumiu uma participação multibilionária na Salesforce, de acordo com uma pessoa familiarizada com o assunto.

A empresa com sede em São Francisco tinha uma capitalização de mercado de US$ 151 bilhões no fechamento de sexta-feira (20), abaixo do pico de mais de US$ 300 bilhões em 2021.

“A Salesforce é uma das empresas de software mais proeminentes do mundo e, tendo acompanhado a empresa por quase duas décadas, desenvolvemos um profundo respeito por Marc Benioff e por o que ele construiu”, disse Jesse Cohn, sócio-gerente da Elliott, em comunicado. “Estamos ansiosos para trabalhar de forma construtiva com a Salesforce para obter o valor condizente com uma empresa de sua estatura.”

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Benioff é presidente e codiretor executivo da Salesforce. A declaração da Elliott não divulgou detalhes de seu investimento, que foi relatado pela primeira vez pelo jornal The Wall Street Journal. A Salesforce se recusou a comentar.

Por volta das 11h (horário de Brasília) desta segunda-feira (23), as ações da Salesforce avançavam até 4,4% antes da abertura dos mercados em Nova York.

Elliott, que tem se envolvido na pressão por mudanças em empresas de tecnologia que vão desde Paypal (PYPL) e Pinterest (PINS) até Western Digital Corp (WDC), é o segundo investidor ativista a entrar no mercado de ações nos últimos meses. Em outubro, a Starboard Value assumiu uma participação na empresa e disse que a companhia tinha problemas para traduzir crescimento em lucratividade.

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Corte de custos

A Salesforce disse no início deste mês que cortaria cerca de 10% de sua força de trabalho e reduziria suas propriedades imobiliárias, depois de contratar muitas pessoas durante a pandemia dado o aumento da demanda. A empresa, que tinha cerca de 80.000 funcionários na época, disse que estava se ajustando a gastos mais cautelosos dos clientes.

No quatro anos anteriores, a Salesforce quase triplicou sua força de trabalho, em grande parte por meio de dezenas de aquisições, incluindo a compra do Slack, em 2021, por US$ 27,7 bilhões. De janeiro de 2020 até o final de outubro do ano passado, o quadro de funcionários cresceu mais de 30.000.

“Isso não nos surpreende”, disse Anurag Rana, analista da Bloomberg Intelligence, sobre o movimento da Elliott. “O valuation da Salesforce despencou desde que anunciou a aquisição do Slack e, desde então, vimos uma desaceleração nas vendas e várias saídas de executivos.”

Bret Taylor, que havia sido co-CEO da Salesforce, disse no ano passado que deixaria a empresa para retornar às atividades empresariais. Taylor era visto como a escolha óbvia se Benioff se afastasse da Salesforce.

“Agora [a empresa] está sendo negociada bem abaixo de seus níveis pré-pandêmicos”, acrescentou Rana. “O envolvimento da Elliott pode ajudar a gestão a se concentrar tanto no crescimento orgânico das vendas quanto na expansão da margem. Não ficaremos surpresos se houver uma mudança no topo também, semelhante ao que a Microsoft (MSFT) passou em 2013.”

-- Com a colaboração de Tom Giles.

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