BNDES libera R$ 2,4 bilhões para projeto de usina de gás natural do Açu

Empreendimento que fica no complexo do Açu, idealizado por Eike Batista, é o maior parque de geração de energia a gás natural da América Latina e é liderado por joint venture global

Obras da GNA (Gás Natural Açu) II na frente e, ao fundo, a GNA I, que fazem parte de parque de geração termelétrica do Porto do Açu (Divulgação)
28 de Dezembro, 2022 | 01:56 PM

Bloomberg Línea — Em um dos maiores desembolsos do ano, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) acaba de liberar uma parcela de R$ 2,4 bilhões para financiar as obras da GNA II, a segunda usina de geração termelétrica a gás natural do Porto de Açu, no litoral norte do estado do Rio de Janeiro, em informação antecipada pela Bloomberg Línea.

O contrato de financiamento foi assinado pela empresa com o BNDES no ano passado, no valor total de R$ 4 bilhões. O restante do valor será liberado conforme a evolução das obras.

A usina termelétrica GNA II tem previsão de entrada em operação em janeiro de 2025, com 1.673 MW de capacidade instalada, o suficiente para abastecer cerca de 8 milhões de residências. Essa capacidade hoje corresponde a 10% do que existe de geração de energia a gás natural no sistema interligado nacional.

A usina GNA II integra o maior parque termelétrico a gás natural da América Latina, com 3 GW de capacidade instalada no Açu, o suficiente para fornecer energia para 14 milhões de residências.

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A primeira usina, a GNA I, com 1.338 MW de capacidade instalada, também contou com financiamento do BNDES e iniciou operação comercial em setembro do ano passado.

A GNA é uma joint venture formada pela Prumo Logística, pela britânica bp, pela alemã Siemens e pela SPIC Brasil (operação local da gigante chinesa de energia SPIC) para desenvolver, executar as obras e operar projetos de gás natural e energia, em geral no complexo do Açu, considerado o maior projeto portuário em construção no país.

O complexo do Açu, por sua vez, foi um dos projetos idealizados inicialmente pelo empresário Eike Batista. Pertencia à LLX Logística, que acabou adquirida em 2013 pelo grupo americano EIG Global Energy Partners por R$ 1,3 bilhão - e a rebatizou como Prumo Logística.

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Desembolsos na área de energia

A liberação dos R$ 2,4 bilhões acontece em um momento de transição de governo e de possível retomada dos empréstimos do banco estatal a obras em países vizinhos.

Reportagem da Bloomberg Línea há duas semanas revelou que o governo da Argentina disse que contará com um crédito de US$ 689 milhões (cerca de R$ 3,6 bilhões ao câmbio de hoje) para financiar o segundo trecho do gasoduto Néstor Kirchner, na região conhecida como Vaca Muerta.

O BNDES negou que tenha aprovado qualquer financiamento e disse que não houve ainda sequer pedido formal do governo argentino.

Como mostrou outra reportagem da Bloomberg Línea, a política de desembolsos do BNDES para obras de engenharia no exterior caiu em cerca de 90% no período de 2015 a 2021 na comparação com os sete anos anteriores, um intervalo de tempo em que o presidente Lula estava no poder.

“Os dois projetos apoiados pelo BNDES - as UTEs GNA I e GNA II - são investimentos-âncora que possibilitarão a transformação do Porto do Açu em um hub de gás, capaz de atrair novos investimentos em diversos outros segmentos que utilizam gás ou algum subproduto, como insumo energético”, disse em comunicado a diretora de crédito a infraestrutura do BNDES, Solange Vieira.

“A nossa estrutura acionária, somada à já comprovada capacidade de execução de grandes projetos do time GNA, sem deixar de lado o compromisso com o desenvolvimento sustentável, foram fatores determinantes para a obtenção dos recursos”, disse Bernardo Perseke, CEO da GNA, em comunicado.

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