Por que o Auxílio Brasil ganhou protagonismo na eleição e no próximo governo

Com valor ampliado para R$ 600 a menos de 90 dias das eleições, o programa de transferência de renda se tornou um dos principais temas de campanha dos candidatos

Brasileiros na fila de uma agência da Caixa para receber benefícios sociais em meio ao aumento das desigualdades e da pobreza no país com a pandemia
29 de Outubro, 2022 | 05:23 PM

Bloomberg Línea — Um dos principais temas de campanha de Jair Bolsonaro (PL) e do ex-presidente Lula (PT) foi a manutenção e o pagamento do Auxílio Brasil, benefício social criado no final de 2021 para substituir o Bolsa Família. A sua importância cresceu a tal ponto que deverá continuar em 2023 seja qual for o vencedor.

O valor do benefício foi ampliado de R$ 400 para R$ 600 em julho deste ano por meio da aprovação da chamada PEC das Bondades, que estabeleceu um estado de emergência no país: isso permitiu ao governo federal aumentar as despesas sem precisar se submeter totalmente ao teto de gastos e à limitação da legislação eleitoral, que proíbe a criação de programas sociais em ano de eleição.

O Auxílio Brasil ganhou relevância redobrada diante do aumento das desigualdades e da pobreza nos últimos anos, em grande medida em razão dos efeitos da pandemia do novo coronavírus.

E ganhou relevância também em razão dos seus custos literalmente bilionários para bancá-lo.

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Com a promessa de continuidade do pagamento do benefício de R$ 600 em 2023, a estimativa é que as contas do governo podem apresentar um rombo de até R$ 103 bilhões de reais no ano que vem, segundo a Instituição Fiscal Independente (IFI), ligada ao Senado Federal - e isso se ele ficar de fora da regra do teto de gastos que limita o crescimento das despesas à inflação do ano anterior.

Economistas e cientistas políticos consultados pela Bloomberg Línea analisaram o peso da ampliação do benefício nas eleições e alertaram para a herança para o próximo governo - seja ele qual for.

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Melina Flynn

Melina Flynn é jornalista naturalizada brasileira, estudou Artes Cênicas e Comunicação Social, e passou por veículos como G1, RBS TV e TC, plataforma de inteligência de mercado, onde se especializou em política e economia, e hoje coordena a operação multimídia da Bloomberg Linea no Brasil.