Por que a Schroders reduziu a exposição às estatais brasileiras

Gestora de investimentos britânica, uma das maiores do mundo, decidiu realizar os lucros antes das eleições após uma forte recuperação dos papéis este ano

As estatais ganharam tração à medida que Bolsonaro reduziu sua diferença para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera as pesquisas
Por Vinícius Andrade
12 de Setembro, 2022 | 07:00 PM

Bloomberg — A gestora de investimentos britânica Schroders, que tem cerca de US$ 940 bilhões de ativos sob gestão, reduziu sua exposição a ações de companhias estatais brasileiras após uma forte recuperação dos papeis nos últimos meses, realizando lucros antes da eleição presidencial de outubro.

As estatais estavam “precificando um cenário eleitoral demasiadamente negativo” no início do ano, negociando “excessivamente baratas”, disse Pablo Riveroll, chefe de renda variável para América Latina da Schroders em Londres, em entrevista. Após ganhos recentes e com a disputa eleitoral limitando a visibilidade dos investidores, “reduzimos nossa exposição”, disse Riveroll.

O Banco do Brasil (BBAS3) subiu 16% em agosto, maior alta mensal desde a eleição do presidente Jair Bolsonaro em outubro de 2018. A relação preço sobre valor patrimonial do banco havia afundado para perto de níveis vistos durante a crise política de 2016 que culminou no impeachment de Dilma Rousseff.

Além de múltiplos atrativos, as estatais ganharam tração à medida que Bolsonaro reduziu sua diferença para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera as pesquisas. Ainda que os investidores esperem algum nível de responsabilidade fiscal sob os dois líderes, Lula já se opôs publicamente à venda de ativos e à redução da influência do governo sobre a economia.

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Sob a administração de Bolsonaro, a Eletrobras (ELET3) foi privatizada por meio de uma das maiores ofertas de ações do mundo neste ano, enquanto seu time econômico sinalizou a intenção de avançar com a privatização da Petrobras.

As ações preferenciais da Petrobras (PETR4) acumulam alta de 14% desde o início do ano.

Mesmo após cortar suas apostas em Brasil, Riveroll ainda tem o país como ‘overweight’ (exposição acima da média do índice de referência) em seu portfólio. Ele tem favorecido nomes que ganham com inflação e juros estáveis ou em declínio. Utilities, operadoras de shoppings, companhias de concessão de rodovias e empresas de telecomunicações estão entre suas apostas preferidas.

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“Também estamos seletivamente expostos às empresas cíclicas domésticas que estão fortemente descontadas incluindo construtoras e varejistas de moda”, disse Riveroll.

Riveroll não foi o único a pisar no freio com as estatais. A gestora de recursos local Genoa Capital também reduziu exposição recentemente, zerando posições via opções.

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