Adeus, carro a gasolina? Califórnia fixará prazo para banir novos modelos

Principal mercado para veículos elétricos nos EUA deve adotar prazo para modelos a combustível fóssil, em decisão que pode ser seguida por outros estados

Gasolina
Por David R. Baker
24 de Agosto, 2022 | 07:40 PM

Bloomberg — A Califórnia está prestes a eliminar gradualmente as vendas de quase todos os carros novos a gasolina em um prazo limite de 2035, de acordo com regras que os agentes reguladores devem aprovar nesta quinta-feira (24), uma medida que pode acelerar drasticamente a transição para veículos elétricos no mercado americano se outros estados seguirem o exemplo.

O governador Gavin Newsom anunciou pela primeira vez a meta de 2035 em uma ordem executiva há dois anos, mas as novas regras estabeleceriam um cronograma firme para alcançá-la, exigindo que as montadoras aumentassem constantemente suas vendas de carros com emissão zero no maior mercado automotivo do país.

Esse cenário se torna mais factível dado que 17 estados normalmente seguem os padrões de emissões de automóveis da Califórnia.

Por essa razão, a votação pelo Conselho de Recursos Aéreos da Califórnia pode reverberar muito além das fronteiras do chamado Golden State, forçando a indústria automobilística a acelerar sua mudança para carros elétricos.

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A medida também poderá reforçar as credenciais de defensor de mudança climática de Newsom em um momento em que se acredita que o governador democrata está avaliando uma corrida à Casa Branca.

A Califórnia, berço da Tesla (TSLE), a maior empresa de carros elétricos do mundo, há muito tempo é o principal mercado para esse tipo de veículo: eles representam 15% dos modelos novos registrados no estado neste ano, de acordo com a associação de concessionárias da Califórnia.

Os regulamentos propostos estabeleceriam metas anuais para aumentar esse percentual, começando em 35% em 2026 e atingindo 68% em 2030. Carros híbridos, que alternam o uso de eletricidade e gasolina, e veículos com célula de combustível de hidrogênio também contariam para essas metas.

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A Califórnia já tem seu próprio programa de incentivo a veículos limpos, oferecendo descontos de até US$ 7.000 para a compra de modelos com emissão zero, embora carros que custem mais de US$ 45.000 não se qualifiquem.

A medida se encaixaria nos esforços do presidente Joe Biden para impulsionar as vendas de carros elétricos. A Lei de Redução da Inflação que ele assinou na semana passada inclui créditos fiscais de até US$ 7.500 para compradores de carros elétricos, embora existam certas restrições conforme a renda.

E a lei de infraestrutura do ano passado incluiu US$ 5 bilhões para a construção de uma rede nacional de estações de recarga ao longo das principais rodovias, para convencer os motoristas de que não ficarão presos sem energia em uma viagem se fizerem a troca para elétricos.

Embora a maioria das montadoras tenha anunciado planos para aumentar a produção de veículos elétricos, a indústria expressou preocupação em ficar presa a prazos específicos para sua adoção e que muitos consumidores podem não estar prontos para abandonar a gasolina.

Os elétricos representaram menos de 6% das vendas de carros novos no primeiro semestre deste ano, de acordo com o serviço de informações automotivas Edmunds.

E os preços dos veículos elétricos, já mais altos do que os movidos a gasolina, estão subindo à medida que a guerra na Ucrânia, os problemas na cadeia de suprimentos e o aumento da demanda tornam os metais dentro de suas baterias recarregáveis mais caros.

O preço médio de venda de um veículo elétrico em julho foi de quase US$ 62.900, de acordo com a Edmunds, em comparação com US$ 47.200 para todos os veículos.

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“É uma meta válida, mas pode ser irreal, dada a infraestrutura de carregamento e provavelmente o aumento da demanda por energia”, disse Brian Moody, editor executivo da Kelley Blue Book e Autotrader, em comunicado por e-mail.

Ainda assim, a analista da Edmunds Jessica Caldwell disse que o setor deve ser capaz de cumprir as metas da Califórnia. “Se as montadoras puderem aumentar a produção, se houver investimentos suficientes em infraestrutura de carregamento e na rede elétrica e os incentivos financeiros ficarem mais disponíveis, esse marco deve passível de ser alcançado, se não superado”, disse Caldwell.

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