Ventos contrários da China esfriam rali dos mercados com inflação mais suave

Futuros norte-americanos operavam em baixa no começo da manhã, enquanto Europa tentava se emparelhar ao desempenho dos EUA na sexta

Conheça os eventos que vão orientar os investidores hoje
15 de Agosto, 2022 | 06:49 AM

Barcelona, Espanha — A euforia com a inflação mais suave vai perdendo impulso. Ventos contrários vindos da Ásia e a narrativa de que o Federal Reserve (Fed) manterá seu aperto monetário levam os investidores a ponderar mais antes de assumir posições de risco.

🇨🇳 Economia perde o fôlego. O gigante asiático decepcionou ao entregar resultados piores que o esperado para as vendas no varejo e a produção industrial em julho. A atividade fabril avançou +3,8% na base anual, quando os analistas calculavam +4,3%. O comércio varejista cresceu apenas +2,7%, frente a expectativas de +4,9%. Para reativar a demanda, o banco central baixou a taxa de juros dos empréstimos de um ano para até 2,75%, a segunda ação deste tipo no ano.

🇪🇺 Nuvens de recessão. O risco de uma recessão na Zona do Euro alcançou o nível mais alto desde novembro de 2020, pois a escassez de energia ameaça pressionar ainda mais uma inflação já recorde. Segundo uma pesquisa feita pela Bloomberg, a probabilidade de que a produção se reduza durante dois trimestres consecutivos subiu de 45% da sondagem anterior para 60% agora.

Antes da invasão russa à Ucrânia, a pesquisa sinalizava 20% de chances de que a economia do bloco se desacelerasse. É provável que a Alemanha, a maior economia do bloco e uma das mais expostas à interrupções no fornecimento de gás russo, se estanque a partir deste próprio trimestre.

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💸 No front, sempre. A inflação permanece no radar dos investidores. Nesta semana, há indicadores de preços de vários países, como o Reino Unido, para o qual se espera um IPC de 9,8% em julho, o que representaria o ritmo mais acelerado em quatro décadas. Para o Japão, a expectativa também é de preços crescentes ao consumidor. A exceção é o Canadá, cuja inflação, segundo economistas, deveria retroceder, em linha com o vizinho Estados Unidos.

📊 Rescaldo dos balanços. Cerca de 455 empresas do S&P 500 já entregaram seus resultados financeiros, mas ainda há empresas importantes para apresentarem seus números, como as gigantes varejistas Walmart (terça) e Target (quarta). As cifras destas empresas cobram especial relevância porque dão uma mostra da força e resistência do consumidor neste cenário de inflação recorde a ameaça de recessão.

Um panorama dos mercados no começo do diadfd
🟢 As bolsas na sexta: Dow Jones Industrials (+1,27%), S&P 500 (+1,73%), Nasdaq Composite (+2,09%), Stoxx 600 (+0,16%), Ibovespa (+2,78%)

Dados de inflação abaixo do esperado e expectativas de um aperto monetário menos agressivo do Federal Reserve contribuíram para um maior otimismo dos mercados. Em Wall Street, o S&P 500 caminhou para sua quarta semana consecutiva de ganhos – a mais longa sequência de vitórias desde novembro de 2021.

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Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

Feriados: Espanha, Argentina

EUA: Índice Empire State de Atividade Industrial/Ago, Índice NAHB de Mercado Imobiliário/Ago

Europa: Zona Euro (Ativos de Reserva/Jul); Alemanha (Índice de Preços no Atacado/Jul)

Ásia: China (Produção Industrial/Jul); Japão (Utilização da Capacidade Instalada/Jun, PIB/2T22)

América Latina: Brasil (IBC-Br/Jun, Boletim Focus)

Bancos centrais: Atas da Reunião de Política Monetária do Banco Central da Austrália

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📌 Para a semana:

Balanços: BHP, Walmart, Target, Home Depot, Tencent

Quarta-feira: Ata de Política Monetária da reunião de julho do Fed. Decisão sobre os juros da Nova Zelândia. Reino Unido (IPC), EUA (Vendas no Varejo)

Quinta-feira: EUA (Vendas de Casas Existentes, Pedidos Iniciais de Seguro-Desemprego, Índice líder do Conference Board). Pronunciamentos de Esther George e Neel Kashkari, do Fed

(Com informações da Bloomberg News)

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.