Plano de assinatura para carros elétricos é a nova tendência nos EUA

Startup sediada na Califórnia mira o setor de veículos elétricos, entre aluguel convencional de veículos e contrato de três anos

VOLT
Por Kyle Stock
15 de Agosto, 2022 | 12:30 PM

Bloomberg — A histórica lei climática, aprovada pela Câmara dos Deputados dos Estados Unidos na semana passada, é um verdadeiro alento para possíveis compradores de veículos elétricos (VE), uma vez que o projeto inclui um crédito de US$ 7.500 para a compra de um veículo elétrico novo, e US$ 4.000 de desconto na compra de um veículo elétrico usado.

Mas o projeto de lei não resolve um dos maiores desafios enfrentados pelos compradores interessados: o estoque.

É terrivelmente difícil conseguir um novo carro elétrico nos dias de hoje. Em uma pesquisa recente com milhares de proprietários de veículos elétricos para a Bloomberg Green‘s Electric Car Ratings, os entrevistados disseram que esperaram quase sete meses, em média, por veículos movidos por energia.

Na Austrália, o atraso na entrega de um novo Tesla é tão longo – até nove meses – que os modelos usados estão sendo vendidos por preços mais altos. E embora os novos incentivos do governo americano sejam generosos, eles vêm com limitações que podem isentar muitos dos veículos ofertados.

PUBLICIDADE

Mas e se o usuário pudesse simplesmente assinar o plano de um carro junto com uma revista, por exemplo?

Esse é o futuro que está sendo vendido pela Autonomy, uma startup sediada na Califórnia que desde janeiro tem como alvo um específico do setor de veículos elétricos, entre um aluguel convencional de veículos e um contrato de três anos. “Existimos para expandir a adoção de veículos elétricos”, diz o slogan da Autonomy, que reforça também que “não achamos que você deva ser forçado a aceitar dívidas caras e de longo prazo para dirigir um”.

A Autonomy agora está estocando VEs de praticamente todas as empresas fabricantes: esta semana, anunciou planos de encomendar quase 23 mil carros de 17 montadoras, incluindo Ford, Polestar e Tesla. Existem até 200 veículos reservados da Canoo e da Fisker, duas empresas startups de carros elétricos que buscam chegar próximo ao sucesso da Tesla - porém, ainda sem modelos disponíveis rodando oficialmente nas ruas.

PUBLICIDADE

Mas o modelo de assinatura tem alguma lógica para os usuários. Em parte por causa da tecnologia em rápida evolução, os VEs tradicionalmente perdem valor muito mais rápido do que os carros movidos a gasolina. Em uma escala de depreciação, os consumidores normalmente os comparam com telefones celulares.

Embora a oferta da Autonomy pareça um contrato de aluguel – os custos incluem uma “taxa inicial” de US$ 5.900, depois US$ 490 a US$ 690 por mês – os clientes podem encerrar a assinatura a qualquer momento após três meses e não precisam pagar manutenção, taxas de inscrição ou juros.

Mas ter um veículo elétrico parece uma melhor ideia a cada dia. A curva de depreciação tem se achatado graças aos novos modelos que podem rodar mais tempo, e as montadoras têm se tornando mais claras sobre coisas como a longevidade de uma bateria.

Um Chevrolet Bolt de três anos, por exemplo, pode recuperar 84% de seu valor hoje em dia, em linha com a revenda média de todos os carros de três anos na América do Norte, segundo o CarEdge.com, uma plataforma de pesquisa voltada para o consumidor.

Pode ser por isso que os executivos da indústria automobilística têm se esforçado para oferecer algumas opções de amenidades em “pílulas”. A BMW está comercializando uma assinatura de US$ 18 por mês para assentos aquecidos no Reino Unido, e a General Motors transformou sua navegação por voz OnStar em uma assinatura “obrigatória” de US$ 1.500 em cada novo modelo Buick, GMC e Cadillac Escalade.

Mesmo sem complementos à la carte, um dos principais pilares que sustentam os preços dos veículos elétricos usados é, ironicamente, a capacidade de atualização remota – a mesma tecnologia que as montadoras têm usado para baratear o serviço de assinaturas.

Um carro comum não é nada além de uma pilha densa de softwares, o que significa que as assinaturas de veículos elétricos não são uma ideia totalmente maluca. Mas um carro também é um eletrodoméstico, e os consumidores não estão acostumados a alugar uma geladeira, muito menos pagar uma mensalidade para usar a máquina de fazer gelo.

PUBLICIDADE

Felizmente para o Autonomy, a estratégia mais simples pode ser a melhor. Se conseguir grandes pedidos individuais de veículos elétricos com as montadoras, a startup poderá encontrar muitos novos assinantes – simplesmente por ter carros disponíveis.

Leia também

Inteligência artificial tomará decisões melhores que CEOs, diz Nobel de Economia