Mercados prosseguem com animação, mas Fed adverte que é cedo para cantar vitória

Futuros de índices sobem nos EUA; na agenda, IPP e pedidos de seguro-desemprego pelos norte-americanos estão entre as poucas referências de peso

Conheça os eventos que vão orientar os investidores hoje
11 de Agosto, 2022 | 08:08 AM

Barcelona, Espanha — (Esta é a versão atualizada e ampliada de nota publicada originalmente às 6h07)

De vilão, nada. O dado de inflação dos Estados Unidos foi o “mocinho” da jornada de ontem, estimulando o apetite por risco e impulsionando os índices acionários. A animação foi tamanha que tirou o Nasdaq do território de baixa, o bear market.

🆙 Sopro de otimismo. O informe sobre os preços ao consumidor norte-americano, que surpreendeu positivamente todo o mercado, é um incentivo à assunção de riscos. Se depender da agenda macroeconômica, com escassas referências, o mercado pode seguir pela senda positiva. A não ser que o índice de preços ao produtor (IPP) dos EUA, previsto para hoje, traga consigo um balde de água fria. A disparada do mercado acionário ontem também pode instigar alguns investidores a embolsarem ganhos.

→ Leia o Breakfast, uma newsletter da Bloomberg Línea: O que vem para as ações tech?

PUBLICIDADE

✌️ Cedo para cantar vitória. Membros do Fed foram rápidos em dizer que as pressões sobre os preços são intensas - e ainda rondam. A presidente do Fed de São Francisco, Mary Daly, advertiu que é cedo demais para que o Fed “declare vitória” na sua luta com a inflação, informou hoje o Financial Times. Ela não descarta uma terceira alta de 0,75 ponto percentual do juro em setembro, embora tenha dito que um aumento de 0,50 ponto seria seu “ponto de partida”.

🗣️🗣️ Em uníssono. O presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, quer a taxa de juros de referência do Fed em 3,9% até o final deste ano e em 4,4% até o final de 2023 (atualmente está no intervalo entre 2,25% e 2,50%). Seu colega Charles Evans, do Fed de Chicago, diz que a inflação continua “inaceitavelmente alta” e que o Fed seguirá “aumentando as taxas no resto deste ano e no próximo”.

📡 Mais no radar. Outra referência, além do IPP, para os mercados são os dados sobre o emprego nos EUA, que segundo a maioria dos economistas devem se manter estáveis. Os balanços vão deixando de ser catalisadores. Mais de 90% das companhias listadas nos EUA já informaram seus balanços. Na Europa, ainda há um rescaldo com empresas relevantes, mas com pouca capacidade de mudar a direção dos mercados.

PUBLICIDADE

→ Assim se comportam os mercados esta manhã:

Os mercados acionários dos EUA subiam, embora a um ritmo menos intenso do que no início da manhã. Os contratos futuros dos EUA moderavam a alta depois que o S&P 500 atingira uma máxima em três meses ontem e o Nasdaq 100 se situara 20% acima de um mínimo em junho.

Walt Disney Co. avançava nas negociações prévias à abertura das bolsas norte-americanas, amparada pelo forte desempenho de seu serviço de streaming.

Porém, na Europa, após um avanço no começo da jornada, o índice Stoxx 600 passava à queda.

Apesar da desaceleração da inflação, o Fed permanece firme na necessidade de novos aumentos das taxas de juros. Sonja Marten, principal estrategista de moedas do DZ Bank AG, disse à Bloomberg Television: “O Fed ainda está claramente no caminho do aperto”. “A inflação pode ter diminuído ligeiramente, mas ainda está em 8,5%, o que ainda é muito alto com um mercado de trabalho muito apertado. Não há razão para o Fed abrandar o ritmo agora”.

O petróleo bruto apresentava ganhos: a Agência Internacional de Energia elevou sua previsão de crescimento da demanda global este ano, já que a disparada dos preços do gás natural e as ondas de calor no Hemisfério Norte levam a indústria e os geradores de energia a mudar seu combustível para o petróleo. O bitcoin subia para acima de US$ 24.000, um sinal de melhoria do sentimento do mercado.

Um panorama dos mercadosdfd
🟢 As bolsas ontem: Dow Jones Industrials (+1,63%), S&P 500 (+2,13%), Nasdaq Composite (+2,89%), Stoxx 600 (+0,89%), Ibovespa (+1,46%)

O IPC dos EUA menor que o esperado deu o tom otimista aos mercados. Em Wall Street, as bolsas chegaram a subir quase 3%, caso da Nasdaq, em um rali nas ações de tecnologia que levou o indicador a quase 20% acima do piso alcançado em junho, devolvendo-o ao território de bull market. Já o S&P 500 saltou para uma máxima de três meses.

Saiba mais sobre o vaivém dos Mercados e se inscreva no After Hours, a newsletter vespertina da Bloomberg Línea com o resumo do fechamento dos mercados.

PUBLICIDADE

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

EUA: IPP, Pedidos Iniciais de Seguro-Desemprego, Relatório Mensal da IEA (International Energy Agency), Relatório Mensal da OPEP, Estoque de Gás Natural

Europa: Alemanha (Saldo das Transações Correntes/Jun)

Ásia: China (Investimento Estrangeiro Direto, Crescimento dos Empréstimos)

América Latina: Brasil (Crescimento do Setor de Serviços/Jun); México (Produção Industrial/Jun); Argentina (IPC/Jul)

PUBLICIDADE

Bancos centrais: México define suas taxas de juros. Entrevista da presidente do Fed de São Francisco, Mary Daly, à Bloomberg Television

📌 Para a semana:

• Quinta-feira: EUA (IPP; Pedidos Iniciais de Seguro-Desemprego. Entrevista da presidente do Fed de São Francisco, Mary Daly, à Bloomberg Television

• Sexta-feira: Zona do Euro (Produção Industrial); EUA (Sentimento do Consumidor - Universidade de Michigan dos EUA)

(Com informações da Bloomberg News)

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.