Mercados em ligeira alta com a aposta de que inflação nos EUA dará um respiro

Investidores anseiam saber se a inflação, protagonista do dia, volta a assumir o papel de vilã ou se finalmente tocou o teto

Conheça os eventos que vão orientar os investidores hoje
10 de Agosto, 2022 | 05:42 AM

Barcelona, Espanha — (Esta é a versão atualizada da nota originalmente publicada às 5h40)

A inflação é a estrela do dia - ou a vilã, dependendo do comportamento dos preços ao consumidor norte-americano em julho, que serão conhecidos na manhã de hoje.

⏸️ Já deu? A expectativa geral é de que haja um respiro nos preços. Se espera que o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) dos Estados Unidos se desacelere para 8,7%, contra 9,1% em junho, graças à queda dos preços da gasolina. Contudo, para o núcleo da inflação, que exclui energia, a maioria dos economistas aponta para uma alta de 6,1%, versus 5,9% na leitura anterior.

🥵 Cabo de guerra. Mas ainda que a queda dos preços da gasolina (de aproximadamente US$ 6 por galão em junho para US$ 5 no mês seguinte) e dos carros usados contribuam para uma redução do índice geral, um dado vem para jogar água fria nos mais otimistas. Os custos trabalhistas unitários, divulgados ontem, subiram 10,8% no segundo trimestre. O aumento interanual foi o maior desde 1982.

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Freio ao otimismo. Os custos trabalhistas estão superando a meta de inflação do Federal Reserve (Fed) em quase cinco vezes, o que sugere uma pressão de alta sobre os preços ao consumidor, dificultando o combate do banco central contra a inflação. Por este motivo, a avaliação geral é de que, mesmo que o pico nos preços tenha ficado para trás, a trajetória de queda da inflação ainda não está clara.

🗣️ O Fed fala. As declarações de Charles Evans (Fed de Chicago) e de Neel Kashkari (Fed de Minneapolis) terão especial relevância, pois eles podem jogar luz sobre as perspectivas de inflação do banco central e a margem de manobra para frear as pressões sobre os preços. No momento, o mercado converge para a probabilidade de uma nova alta de 0,75 ponto percentual dos juros norte-americanos na reunião de 20 e 21 de setembro.

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📈 Preços sobem na China. A inflação do consumidor chinês acelerou em julho para o nível mais alto em dois anos, impulsionado pelos preços da carne suína, mas a fraca demanda do consumidor atuou como contraponto. O índice de preços ao consumidor subiu 2,7% em junho, comparado ao ano anterior, mas foi menor que a mediana de 2,9% de uma pesquisa feita pela Bloomberg.

→ Assim se comportam os mercados esta manhã:

Os futuros de índices norte-americanos subiam modestamente, depois de terem tocado o campo negativo. As bolsas europeias, vão e vêm, sem firmar uma direção. Os títulos soberanos operavam perto da estabilidade.

O mercado operará cauteloso até que conheça o relatório de inflação dos EUA, que moldará as expectativas dos investidores quanto a novos aumentos dos juros.

“A inflação de hoje poderia dar o tom dos mercados para o resto do mês”, disse Craig Erlam, analista sênior de mercado da Oanda, de acordo com a Bloomberg. “Um número inferior ao esperado poderia ser um grande vento de cauda para os mercados, enquanto qualquer coisa em torno ou acima da leitura de junho poderia desencadear uma grande retração de risco nos mercados à medida que o debate se move para 75 ou 100 pontos base, com 50 pontos ficando no retrovisor”.

A taxa de dois anos do Tesouro ultrapassa os 10 anos em quase 50 pontos base. A inversão, em torno da mais profunda desde 2000, é vista como um sinal de uma recessão iminente sob a campanha de aperto monetário do Fed para conter a inflação.

Enquanto avançam os mercados futuros dos EUA, as ações da Tesla Inc. subiam em torno dos 2,7% antes da abertura das bolsas de valores. Elon Musk vendeu US$ 6,9 bilhões de ações da Tesla Inc., a maior venda registrada do bilionário, que precisará de caixa no caso de ser forçado a continuar com a compra do Twitter Inc. Nos últimos dez meses, se estima que Musk tenha vendido em torno de US$ 32 bilhões em ações da fabricante de veículos elétricos.

Um panorama dos mercados em dia de IPC nos EUAdfd
🟢 As bolsas ontem: Dow Jones Industrials (-0,18%), S&P 500 (-0,42%), Nasdaq Composite (-1,19%), Stoxx 600 (-0,67%), Ibovespa (+0,23%)

Os mercados acionários internacionais caíram, puxados pela aversão ao risco após o mau desempenho da Micron Technology, que se somou ao que foi entregue um dia antes pela Nvidia. O fabricante de chips alertou os investidores de que não cumprirá as projeções de receita no quarto trimestre, reforçando a preocupação com a queda da demanda por componentes eletrônicos em um contexto de recessão. Os mercados também ficaram em compasso de espera pela divulgação do índice inflação dos EUA, hoje.

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Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

EUA: EUA (IPC/Jul, às 9h30 de Brasília); Juros e Pedidos de Hipotecas MBA, Rendimento Real/Jul, Vendas e Estoques no Atacado/Jun, Estoques de Petróleo Bruto, Atividade das refinarias de Petróleo - EIA

Europa: Alemanha, Itália e Portugal (IPC/Jul)

Ásia: China (IPC, IPP)

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América Latina: Brasil (Vendas no Varejo/Jun, Confiança do Consumidor Reuters-Ipsos/Ago, Fluxo Cambial Estrangeiro)

Bancos centrais: Pronunciamentos de Charles Evans (Fed de Chicago), Neel Kashkari (Fed de Minneapolis), Huw Pill (BoE)

Balanços do dia: Disney, Vestas, Lenovo

📌 Para a semana:

• Quinta-feira: EUA (IPP; Pedidos Iniciais de Seguro-Desemprego. Entrevista da presidente do Fed de São Francisco, Mary Daly, à Bloomberg Television

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• Sexta-feira: Zona do Euro (Produção Industrial); EUA (Sentimento do Consumidor - Universidade de Michigan dos EUA)

(Com informações da Bloomberg News)

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.