China afasta investidores globais com políticas de Xi

Reviravolta com política Covid Zero e ataque a techs atinge mercado que vinha se tornando um ímã para investidores de toda parte

Governo de Xi mostrou pouca consideração pelos investidores globais no ano passado, quando desencadeou uma série de repressões às empresas mais lucrativas do país
Por Sofia Horta e Costa
18 de Julho, 2022 | 08:52 AM

Bloomberg — Após atrair capital estrangeiro para os mercados chineses por anos, o presidente Xi Jinping agora enfrenta o risco de um período duro de desglobalização financeira. Os investidores apontam para uma razão principal: as próprias políticas de Xi.

Gestores antes atraídos pelos rendimentos altos da China e grandes empresas de tecnologia agora dizem que as razões para evitar o país superam os incentivos para comprar. Eles citam desde campanhas regulatórias imprevisíveis a danos econômicos causados por políticas rígidas de Covid-19, sem mencionar os riscos crescentes decorrentes de um mercado imobiliário instável e até mesmo a proximidade de Xi com o presidente russo Vladimir Putin.

Tudo isso marca uma reviravolta dramática para um mercado que vinha se tornando um ímã para investidores de toda parte, um papel que parecia ser o destino da China como a segunda maior economia do mundo.

“O superpetroleiro do capital ocidental está começando a se afastar da China”, disse Matt smith da Ruffer, uma empresa de investimentos de US$ 31 bilhões que recentemente fechou seu escritório em Hong Kong depois de mais de uma década, por causa da demanda cada vez menor por pesquisa de ações locais. “É mais fácil deixar a China de lado por enquanto.”

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A presença estrangeira nos mercados de capitais da China moderna aumentou acentuadamente desde que Xi se tornou presidente em 2013. O governo criou canais para permitir os fluxos de capitais, incluindo a negociação de ações e títulos via Hong Kong. O objetivo era incentivar os fluxos de entrada, financiar a iniciativa privada e dinamizar a economia - tudo isso mantendo um controle significativo sobre a saída de capital.

Mas o governo de Xi mostrou pouca consideração pelos investidores globais no ano passado, quando desencadeou uma série de repressões às empresas mais lucrativas do país. O resultado foi desconfiança e confusão sobre os objetivos do Partido Comunista, além de enormes perdas para os acionistas. A cautela em relação aos ativos chineses nascida durante a guerra comercial com os EUA também aumentou este ano, depois que a Rússia atacou a Ucrânia e Xi insistiu em buscar uma estratégia Covid Zero que foi abandonada por praticamente todos os outros países.

A cautela está deixando uma marca, com as alocações para a China entre os fundos de ações de mercados emergentes caindo para o menor nível em três anos, disse a EPFR Global em um relatório este mês.

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