Mercado já projeta Selic a 14,50% ao ano com disparada do dólar

Juros futuros avançam no mercado com o receio de novas pressões inflacionárias pelo câmbio; moeda americana supera R$ 5,40 nesta semana

Curva de juros de curto prazo precifica uma nova elevação de 0,50 ponto percentual da Selic na reunião no começo de agosto
Por Josue Leonel
14 de Julho, 2022 | 02:18 PM

Bloomberg — O mercado de juros futuros já precifica uma Selic próxima a 14,50% ao fim do ciclo de aperto monetário, acima dos 14,25% da taxa final observada no aperto encerrado em 2016. As taxas avançam no mercado com o receio de que a recente disparada do dólar aumente as pressões inflacionárias, ofuscando parcialmente a queda das commodities e o efeito do corte de impostos.

“Acho que, se eles aceitam passivamente a desvalorização do real [sem realizar intervenções no mercado de câmbio], devem então adicionar aperto monetário”, disse Tony Volpon, estrategista da Wealth High Governance (WHG) e ex-diretor do Banco Central.

Volpon afirmou que o Banco Central não compartilha da visão em favor de uma maior intervenção no câmbio, que poderia trazer algum alívio para o dólar e a inflação - e, por tabela, algo que permitiria juros menos elevados. “Então eu acho que deveriam mesmo puxar a Selic acima de 14%.”

A curva de juros de curto prazo precifica uma nova elevação de 0,50 ponto percentual da Selic em agosto, seguida por altas menores nas reuniões seguintes, com a taxa atingindo entre 14,25% e 14,50% entre o final deste ano e o início de 2023.

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O dólar já subiu mais de 3% nesta semana, superando o patamar de R$ 5,40, com a alta da inflação nos Estados Unidos em junho e o consequente aumento das apostas na elevação de juros pelo Federal Reserve. Em um mês, o real acumula perda de quase 6%, o quinto pior desempenho entre 24 moedas emergentes compiladas pela Bloomberg.

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O real está passando por uma desvalorização aguda, o que dá ao BC incentivo para subir o juro mais agressivamente, diz Brendan Mckenna, estrategista de câmbio do Wells Fargo em New York. “Quanto mais o real se enfraquece, também aumenta a probabilidade de repasse para a inflação.”

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