Europa quer reviver acordos comerciais para garantir mais aliados

Comissão Europeia espera concluir as negociações com o Chile, Nova Zelândia e Austrália até o final de 2022

Un carguero de GNL en Texas, EE.UU.
Por Bloomberg News - Jorge Valero
09 de Maio, 2022 | 10:03 AM

Bloomberg — A União Europeia pretende garantir pelo menos três acordos comerciais paralisados neste ano, enquanto o bloco procura reforçar alianças estratégicas em meio à turbulência causada pela invasão da Ucrânia pela Rússia.

A Comissão Europeia espera concluir as negociações com o Chile, Nova Zelândia e Austrália até o final de 2022, após meses de paralisações, de acordo com uma autoridade da UE familiarizada com o assunto.

A comissão, o braço executivo da UE, também tentará finalizar textos legais para ratificar acordos já firmados com o México e o Mercosul, segundo a fonte, que pediu para não ser identificada porque as negociações acontecem a portas fechadas. Espera-se que essas discussões sejam concluídas já no próximo ano.

A ofensiva comercial ocorre em meio às consequências geopolíticas do ataque da Rússia ao seu vizinho, levando o bloco europeu de 27 membros a reforçar laços com aliados, incluindo os EUA, e alavancar um mercado de 450 milhões de pessoas.

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A presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, visitou a Índia em abril numa tentativa de aprofundar os laços, e vai se reunir com o primeiro-ministro japonês Fumio Kishida ainda esta semana para discutir comércio, segurança e defesa.

O progresso nas negociações comerciais foi paralisado até certo ponto por causa das eleições na França, onde a política comercial não funcionou bem com os eleitores. Bruxelas também dedicou um esforço significativo para resolver disputas comerciais com os EUA que surgiram durante o governo do ex-presidente Donald Trump.

Respondendo a um pedido de comentário, um porta-voz da comissão disse que uma estrutura comercial baseada em regras, estável e confiável agora é mais relevante devido ao contexto geopolítico, baseado em parcerias com aliados que compartilham dos mesmos valores da União Europeia.

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Durante conversas entre os Estados membros da UE em 4 de maio, um grupo de embaixadores lamentou a falta de progresso na agenda comercial do bloco, disseram pessoas familiarizadas com a discussão. Entre eles estão Chipre, Portugal, Suécia, Espanha, Dinamarca, Irlanda, Malta e Finlândia. Pelo menos 10 membros estão preparando uma carta à comissão pedindo aos negociadores que acelerem as negociações ou acelerem os acordos já finalizados.

A conclusão das negociações comerciais com a Austrália pode ocorrer só em 2023, alertou uma autoridade da UE, já que as negociações estão menos avançadas do que com o Chile ou a Nova Zelândia. As discussões foram interrompidas no ano passado depois que o governo do país cancelou um acordo de US$ 37 bilhões com a França para construir submarinos convencionais.

No caso do México, a comissão e os membros discordam sobre se o acordo deve ser concluído de forma “mista”, o que implicaria na ratificação dos 27 parlamentos nacionais e em algumas câmaras regionais, com risco de retrocesso em algumas nações.

Para o Mercosul, cujos principais parceiros comerciais são Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai, a comissão precisa concordar com o bloco em um instrumento para combater o desmatamento após preocupações levantadas por poucos Estados membros, incluindo a França.

– Esta notícia foi traduzida por Melina Flynn, Content Producer da Bloomberg Línea.

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