Da prisão à estaca zero: o plano do fundador da Empiricus

Também no Breakfast: Política monetária ainda ecoa nos mercados, que operam em descompasso na Europa e nos EUA; Fome mundial aumentou antes da guerra na Ucrânia e deve piorar e As peças que o BlackRock move na América Latina

Tempo de leitura: 7 minutos

Bom dia! Este é o Breakfast - o seu primeiro gole de notícias. Uma seleção da Bloomberg Línea com os temas de destaque no mundo dos negócios e das finanças.

O enredo da vida do analista Marcos Eduardo Elias, 51, na indústria financeira é cheio de reviravoltas. Ex-gestor do extinto fundo Galleas, trocou uma posição segura para se aventurar na Empiricus Research, em 2009, um fenômeno de público que ganhou escala com a multiplicação de pessoas físicas na renda variável no país.

Da glória como empreendedor, ele desceu sem escalas ao inferno: em 2018, foi preso pelas autoridades suíças, a pedido do FBI, e extraditado para os Estados Unidos. O caso envolveu a falsificação de documentos falsos para obter recursos de um banco de investimento nos EUA. Em troca de benefícios na dose da pena, admitiu o crime em 2019 e foi condenado a três anos e seis meses em prisões dos estados de Nova York e Nova Jersey. Libertado em agosto do ano passado, Elias voltou ao Brasil para mais um recomeço.

“Ninguém que eu conhecia me virou as costas por causa de tudo o que aconteceu, recebi apoio da minha rede de relacionamento e fui recebido com boa vontade por algumas pessoas. Mas encontro muita resistência do público em geral e de outras pessoas no mercado”, contou Elias à Bloomberg Línea, em uma entrevista onde ele fala de seus planos.

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Na trilha dos Mercados

Sello de la Feddfd

A decisão do Federal Reserve (Fed) sobre os juros norte-americanos ainda ecoa nos mercados. As bolsas europeias, que já estavam fechadas quando o Fed proferiu sua decisão, subiam esta manhã. Nos Estados Unidos, os investidores de futuros de índices embolsavam parte dos (fortes) ganhos de ontem, quando os índices Dow Jones e S&P fecharam com as maiores altas desde 2020.

Estes são os principais vetores de hoje nos mercados:

Juros

O Federal Reserve (Fed) seguiu o script esperado pelo mercado, de uma alta dos juros de 0,5 ponto percentual, para uma faixa de 0,75% a 1%, e acalmou os nervos de quem esperava subidas mais pronunciadas das taxas, da ordem de 0,75 ponto. Jerome Powell, presidente do banco central norte-americano, indicou que novos incrementos de 0,50 ponto estariam sobre a mesa para as próximas reuniões. E tranquilizou o mercado sobre a tão temida recessão, possibilidade aventada pelo mercado diante do ciclo de aperto monetário.

Ou seja, os investidores ouviram de Powell exatamente o que queriam ouvir, inclusive sobre a redução do balanço patrimonial do Fed, que se dará a um ritmo inferior ao sinalizado anteriormente - pelo menos até setembro. Desta forma, o Fed estica um pouco mais a provisão de mais liquidez ao mercado.

🇧🇷 No Brasil, o Banco Central decidiu elevar a taxa Selic em um ponto percentual, para 12,75% ao ano - o maior patamar desde janeiro de 2017. O aumento de ontem, o décimo seguido, vem em linha com o esperado pelo mercado financeiro.

🇬🇧 Hoje o Bank of England (BoE) deve aumentar suas taxas para o nível mais alto em 13 anos. O mercado também quer saber como a instituição planeja vender parte de seus 847 bilhões de libras (US$ 1,1 trilhão) em títulos do governo.

Balanços e Reunião da OPEP

Além da safra de balanços empresariais, os investidores estarão atentos à reunião da OPEP. Os preços do petróleo têm experimentado um intenso vaivém desde o começo da guerra entre Rússia e Ucrânia, sobretudo após a onda de sanções ao petróleo russo.

Mercados em descompasso nos EUA e na Europa após decisão do Feddfd

🟢 As bolsas ontem: Dow Jones (+2,81%), S&P 500 (+2,99%), Nasdaq Composite (+3,19%), Stoxx 600 (-1,08%), Ibovespa (+1,70%)

As ações nos EUA fecharam com ganhos depois que o presidente do Fed, Jerome Powell, dissipou dúvidas sobre se o banco central tomaria uma posição ainda mais agressiva em futuras subidas dos juros. Embora o aumento de 0,50 ponto percentual seja o maior em duas décadas, a decisão já era amplamente esperada pelo mercado. As valorizações do Dow Jones e do S&P 500 foran as maiores desde 2020.

Saiba mais sobre o vaivém dos Mercados

No radar

Esta é a agenda prevista para hoje:

• Feriados: Japão

• EUA: Reunião da OPEP; Demissões Anunciadas Challenger/Abr; Pedidos Iniciais por Seguro-Desemprego; Custo Unitário da Mão de Obra/1T22; Produtividade do Setor Não Agrícola/1T22; Estoque de Gás Natural

• Europa: Alemanha (Encomendas à Indústria/Mar; PMI de Construção - IHS Markit/Abr); Reino Unido (PMI Composto/Abr; Relatório de Inflação do BoE); França (Produção Industrial/Mar)

• América Latina: Brasil (Índice de Evolução de Emprego CAGED/Abr; Balança Comercial/Abr; Argentina (Produção Industrial/Mar)

• Ásia: Hong Kong (Vendas no Varejo/Mar; Japão (IPC - Tóquio/Abr)

• Bancos centrais: Decisão sobre juros do Bank of England (BoE) e pronunciamento do presidente Andrew Bailey. Discurso de Philip Lane (BCE)

• Balanços: Petrobras, Shell, ConocoPhillips, AB InBev, Shopify, EOG, ICE, Block, BMW, Credit Agricole, Vonovia, Apollo, DoorDash, ArcelorMittal, Zillow, Deutsche Lufthansa, Bradesco, Gerdau, Engie Brasil, Sanepar, Natura, Lojas Renner, Arezzo

📌 E para amanhã:

• EUA: Relatório de Emprego (Payroll) não-agrícola (Abr); Taxa de Desemprego/Abr; Ganho Médio por Hora Trabalhada/Abr; Taxa de Participação da Força de Trabalho/Abr; Crédito ao Consumidor/Mar

• Europa: Alemanha (Produção Industrial/Mar); França (Folha de Pagamento do Setor Privado/1T22); Reino Unido (Índice de Preços de Imóveis Halifax/Abr; PMI de Construção/Abr); Espanha (Produção Industrial/Mar); Itália (Vendas no Varejo/Mar)

• América Latina: Brasil (IGP-DI/Abr; Produção e Vendas de Veículos/Abr); México (Investimento Fixo Bruto/Fev)

• Ásia: Japão (Base monetária); Hong Kong (Reservas Internacionais/Abr)

• Bancos centrais: Pronunciamentos de John Williams e Raphael Bostic (Fed); Catherine Mann, Huw Pill e Silvana Tenreyo (BoE); François Villeroy (BCE); Joachim Nagel (presidente do Bundesbank)

• Balanços: Intesa Sanpaolo, adidas, ING, Cigna, Alibaba, Sabesp, Porto Seguro, Enel Generación Chile

Destaques da Bloomberg Línea

BC eleva Selic para 12,75%, o décimo aumento consecutivo

Powell: Aumentos adicionais de juros devem estar na mesa nas próximas reuniões

Apple contrata ex-Ford para negócio de veículos elétricos

Havan captou R$ 550 milhões no mercado para construir 26 novas lojas

Fome mundial aumentou antes da guerra na Ucrânia e deve piorar ainda mais

Também é importante

Estrategista da BlackRock fala com a Bloomberg Línea sobre as peças que a gestora move na América Latinadfd

• BlackRock: Commodities e energia são os setores mais atraentes na América Latina. Axel Christensen é o diretor de estratégia de investimento para a América Latina da BlackRock, maior gestora de fundos de investimento do mundo, com US$ 9,6 trilhões em ativos totais sob gestão no final do primeiro trimestre de 2022. Esse valor representa praticamente metade do Produto Interno Bruto dos Estados Unidos. Engenheiro e de nacionalidade chilena, Christensen, que trabalhou no Citicorp, McKinsey e Banco de Santiago, conversou com a Bloomberg Línea para falar das peças que o BlackRock está movendo na região.

Selic a 12,75%: Como ter retorno em um ambiente global de maior cautela. Com juros ainda mais elevados e em um cenário de grande volatilidade, marcado pela continuidade da guerra na Ucrânia, restrições na China para conter o avanço da covid-19, bem como eleições presidenciais no fim do ano no Brasil, especialistas seguem recomendando cautela e produtos mais conservadores, mas isso não significa abrir mão de bons retornos.

Com inflação, supermercado vira principal gasto das classes C e D no Brasil. Os gastos dos brasileiros das classes C e D mudaram nos últimos meses. De acordo com dados da Pesquisa de Hábitos de Consumo da Superdigital, fintech do Grupo Santander, em março deste ano as despesas com supermercado representavam 37% do orçamento destas famílias.

Fortuna de David Vélez cai quase US$ 4 bilhões diante das dificuldades do Nubank. A fortuna do colombiano David Vélez caiu quase US$ 4 bilhões em meio às dificuldades que o Nubank atravessa para convencer o mercado de que pode continuar crescendo, o que refletiu em uma queda de 34% desde sua oferta pública inicial (IPO).

Opinião Bloomberg

Por que os defensores das criptomoedas devem exigir a regulamentação

As finanças digitais estão cada vez mais presentes, com o valor das criptomoedas em circulação chegando a mais de US$ 2 trilhões - tendo saído de praticamente zero há uma década – quase inteiramente sem supervisão regulatória para proteger os investidores e o sistema financeiro mais amplo. Isso provavelmente não terminará bem, a menos que as autoridades intervenham de maneira ponderada. Então, o que eles deveriam fazer?, questiona Bill Dudley.

Pra não ficar de fora

Guinness World Records anunciou que o gerente de vendas detém o recorde oficial de “carreira mais longa na mesma empresa”dfd

Se sua rotina diária está te desgastando e você se preocupa por estar no mesmo emprego há muito tempo, pense em Walter Orthmann, de 100 anos, que está na mesma empresa há 84 anos.

O Guinness World Records anunciou que o gerente de vendas brasileiro detém o recorde oficial de “carreira mais longa na mesma empresa” após verificar em janeiro que ele está na mesma empresa têxtil há mais de oito décadas.

❇️ O centenário começou a trabalhar como ajudante de expedição na Industrias Renaux – atualmente RenauxView – um ano antes do início da Segunda Guerra Mundial, quando tinha apenas 15 anos. Ele foi rapidamente promovido a um cargo de vendas, área na qual permanece até hoje.

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Edição: Michelly Teixeira | News Editor, Europe

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