Até quando vai a alta da inflação? Prévia de março tem maior avanço desde 2003

Segundo divulgação do IBGE nesta quarta (27), o indicador IPCA-15 avançou 1,73% na base mensal

Prévia da inflação brasileira do terceiro mês do ano teve impacto dos preços de combustível
27 de Abril, 2022 | 09:11 AM

Bloomberg Línea — O IPCA-15, prévia da inflação oficial, teve alta de 1,73% em março, quase dobrando a variação anterior, de 0,95%, impactado principalmente pela alta dos combustíveis nas principais cidades do Brasil - consequência direta da volatilidade de preços no exterior ocasionada pela guerra na Ucrânia.

Foi a maior variação mensal do índice desde fevereiro de 2003 e a maior para o mês de março desde 1992.

Conforme divulgação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (27), nos últimos 12 meses, o indicador acumula alta de 12,03%, acima dos 10,79% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em abril de 2021, a taxa foi de 0,60%.

No ano, o IPCA-15 acumula alta de 4,31%.

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Até quando?

A alta dos preços no Brasil é, principalmente, consequência dos movimentos no exterior potencializados pela guerra na Ucrânia e pela retomada lenta de algumas das principais rotas logísticas por conta dos lockdowns na China.

Em fevereiro, a inflação por aqui já havia subido para a máxima dos últimos 30 anos, impactada, mais uma vez, pela gasolina e por alimentos.

Mas agora, segundo alguns analistas, a alta parece estar atingindo um pico.

“Apesar do número elevado há agora a perspectiva mais clara que podemos estar de fato chegando no pico da inflação uma vez que para maio não devemos ter altas de combustíveis (uma vez que já está sendo plenamente absorvida agora) e assim podemos ter uma alta menor. Não quero com isso apontar que a inflação irá melhorar, mas em termos relativos pode ser ‘menos pior’ em 12 meses”, escreveu André Perfeito, economista-chefe da Necton, em comentário enviado à Bloomberg Línea.

Segundo ele, a projeção da casa para o IPCA no final de 2022 fica em 8,06%, mantendo a expectativa de mais duas altas para a taxa básica de juros, a Selic, que deve chegar a 13,25%.

Já Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, disse, também em comentário, que o resultado coloca pressão mais forte no Banco Central na próxima semana, quando a autoridade terá a próxima reunião de política monetária para decidir a taxa de juros do país.

“Muito mais provável, com o IPCA-15, o Boletim Focus, que tenhamos uma alta também em junho. Temos fatores do Brasil e de fora que reforçam a necessidade de ir um pouco além”, disse.

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Igor Barenboim, sócio e economista-chefe da Reach Capital, no entanto, destaca que a inflação de serviços mais baixa contribui para aumentar “o conforto do BC para fazer o último movimento do ciclo em maio”.

Segundo ele, ainda assim o cenário segue repleto de incertezas vindas da Europa, lockdowns na China e da política monetária dos países centrais. “Isso dificulta o BC a conseguir se comprometer com uma trajetória de juros”.

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Ana Siedschlag

Editora na Bloomberg Línea. Jornalista brasileira formada pela Faculdade Cásper Líbero e especializada em finanças e investimentos. Passou pelas redações da Forbes Brasil, Bloomberg Brasil e Investing.com.